quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

VIAGRA DE CONTRABANDO


Levantai hoje, de novo!

O contrabando de medicamentos é uma ocorrência que agora parece estar na moda. Os medicamentos para uso humano são caros, a crise económica tem deixado as bolsas «nas lonas» e os cidadãos cada vez têm mais dificuldades na sua obtenção.

Mas há medicamentos e medicamentos.

Fazer contrabando de aspirinas, ao preço da chuva, não penso que possa ser coisa de grande interesse para os malfeitores. Eles descobrirão sempre coisas de valor superior e de maior procura, no mercado. Isso é das normas que a polícia bem conhece...

Já a contrafacção do Viagra, pelo seu preço e a apetência da sua aquisição, como medicamento de utilização susceptível de gozo e de prazer sexual, é um sério candidato a estar frequentemente na mira muito atenta dos candongueiros.

Por isso, durante o ano que há pouco terminou, foram apreendidas, pelos eficientes funcionários da Alfândega, mais de 20.000 embalagens fraudulentas de medicamentos para a impotência sexual, entre os quais o famoso Viagra que, a terem passado para o mercado subterrâneo, não tenho dúvida de que seriam vendidas num abrir e fechar de olhos, para benefício dos trapaceiros, para pleno gozo de tantos doentes de disfunção eréctil, em Portugal, e indirectamente das suas companheiras.

Muitos portugueses que não têm dinheiro para mandar cantar um cego já estariam à espreita, esperando receber Viagra a preços módicos, para poder exaltar o seu patriotismo e cantar o hino.

Os guardiães do fisco não deixaram que tal acontecesse. E assim, para sua tristeza, tiveram que ficar murchos por mais uns tempos. A crise está para durar e só mesmo os duros poderão aguentar-se nesta onda de dificuldades e tibiezas. Na verdade, com a carestia da vida e a apreensão do contrabando de Viagra, como será possível levantar o patriotismo dos portugueses?

Não sei.

Mas penso que H. Lopes de Mendonça, quando escreveu a letra de «A Portuguesa», numa ocasião bem conhecida pela maior onda de patriotismo nacional dos últimos tempos, nunca supôs, certamente, que os portugueses tivessem que recorrer, cento e poucos anos mais tarde, ao Viagra, para conseguirem cantá-la...vendo-se obrigados a usar um produto fabricado na Pérfida Albion.

As voltas que o mundo dá!

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