quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

MORTALIDADE INFANTIL EM PORTUGAL


Um caso exemplar

Portugal está hoje entre os países com a taxa de mortalidade infantil mais baixa, em todo o mundo, situando-se à volta de 3,8 por cada mil crianças com menos de cinco anos de idade, segundo o último relatório da UNICEF. Mesmo relativamente ao relatório do ano anterior, Portugal melhorou algo, passando da posição 167ª para a 173ª.

O relatório cita ainda outras considerações interessantes, relativamente ao nosso país.

Por exemplo, em termos de indicadores básicos, Portugal, país onde a expectativa de vida é de 78 anos, tem ainda uma taxa de mortalidade de bebés menores de um ano de três em cada mil, um valor também muito baixo, segundo o ranking da Unicef.

Conquistada uma posição cimeira, na saúde materno-infantil, Portugal deve agora apostar na humanização do parto, defende Purificação Araújo, ginecologista e uma das fundadoras da Unicef portuguesa.

Defende ainda esta especialista que os partos devem ser efectuados, de preferência, nos centros hospitalares, onde existem condições de auxílio, como intervenções cirúrgicas, por exemplo, para as numerosas situações imponderáveis que ocorrem, e não em casa, como alguns ainda insistem em aconselhar.

Há pouco mais de 30 anos, explicou, morriam em Portugal 42,9 em cada 100 mil mulheres por complicações relacionadas com a gravidez e o parto, enquanto a mortalidade infantil era de 38,9 por mil nados vivos. A Unicef aponta agora para 8,0 (número anual de mortes de mulheres causadas por complicações decorrentes da gravidez, por 100 mil partos de crianças nascidas vivas.

Tudo isto demonstra uma revolução fantástica que não deve ser escamoteada pela imprensa, nem menosprezada pela politiquice grosseira em que os portugueses se esmeram.

Ao contrário, deve ser apresentada como exemplo de que Portugal consegue fazer o que há de melhor, quando existem políticas sérias pensadas a longo prazo, sem interferência da caça barata ao voto e, sobretudo, confluência de vontades e atitudes.

Olhando para o trajecto percorrido, de cujos resultados agora podemos orgulhar-nos, facilmente poderemos reconhecer que nem tudo correu sobre rodas, mas o essencial é que houve uma linha definida, um fio condutor que serviu de guia, no meio de tantas dificuldades e muita persistência dos políticos e dos profissionais da saúde, com a colaboração da própria população civil.

Apesar disso, quem poderia acreditar nestes resultados espectaculares, há trinta anos?

Quando ponho os olhos no derrotismo permanente, no bota-abaixo sistemático que se tornou apanágio de uma certa maneira anormal de estar na vida, sinto pena de que uma certa imprensa com inegáveis responsabilidades formativas da opinião pública nacional não colabore um pouco mais na elevação deste espírito negativista dos portugueses, no incentivo das boas práticas, na apresentação sistemática em grande plano dos casos de sucesso, sem o recurso à habitual notícia mesquinha, em rodapé, a desfazer...

Aqui está um bom exemplo, um exemplo de excelência dado pelos portugueses, um verdadeiro estímulo para outras grandes façanhas.

Não quero acreditar que a imprensa portuguesa não lhe dê o relevo que merece. Muito menos que os comentaristas habituais o ponham de lado.

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