quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

UM DIA DE TRABALHO PARA A NAÇÃO


Grátis e voluntário

Talvez o título e o subtítulo possam parecer estranhos, mas têm razão de ser. Não pela crise económica e financeira que nos atinge agora, mas por uma situação bem diversa.

Estava muito atarefado a limpar o sótão das tralhas ali acumuladas durante cerca de cinquenta anos, quando me chegou às mãos a cópia de um documento extraordinário que dizia assim:

Recibo

Recebi da firma----a importância de escudos-----, correspondente à prestação de um dia de trabalho normal prestado voluntariamente no dia 6 de Outubro de 1974 (domingo), como manifestação de total apoio e adesão à oportuna e patriótica exortação do Primeiro-Ministro Brigadeiro Vasco Gonçalves.

----------------, 7 de Outubro de 1974.

Assinatura---------------------

(Selo inutilizado conforme o preceituado no art.º 12º do decreto nº 44083 de 12 de Dezembro de 1961)

Claro que a juventude não imagina sequer o que isto quer dizer, agora que já vão passados perto de 35 anos do 25 de Abril de 74. Provavelmente a maioria nem tem ideia precisa do que foi o 25 de Abril. Sempre viveu neste regime, não conheceu outro, e muito poucos lhe disseram algo do anterior, ou da «revolução dos cravos».

Contudo, era bom que soubessem, ao menos, que uma revolução, mesmo sem mortes, nunca é uma passagem tranquila e linear de um sistema governativo a outro, sem uma alteração da própria vida em sociedade. As transições quase nunca são pacíficas. No caso português, apesar do pacifismo da população, a violência física e verbal atingiu níveis insuspeitos poucos meses antes. Durante dois anos, a perda das colónias, o abandalhamento das instituições, a falta de autoridade, a inflação acentuada que a população desconhecia e a que não estava habituada, na prática, há perto de quarenta anos, trouxeram alterações tremendas à vivência e à coabitação das gentes. Os militares e os políticos tiveram que lutar em condições muito difíceis para conseguir uma estabilização da situação, lançando mão de todos os meios possíveis. As divergências partidárias, acentuadas pelo radicalismo na aplicação dos respectivos modelos políticos, tornaram as situações muito mais complicadas de gerir. Por muito pouco não teve lugar, a certa altura, uma guerra civil.

Os governos sucederam-se com a instabilidade política permanente e num deles, o Primeiro Ministro Vasco Gonçalves teve a ideia peregrina de salvar o país da derrapagem financeira que se avizinhava, fazendo um apelo patriótico à população para que desse um dia de trabalho voluntário, inteiramente gratuito, como ajuda à economia periclitante. A quase totalidade dos sindicatos deu o seu apoio e, nas zonas urbanas, o pedido teve êxito.

O brigadeiro Vasco Gonçalves, um homem bom, ingénuo, seduzido e orientado pelo partido comunista, e sem nenhuma experiência governativa anterior, pouco tempo durou ao leme do País. Ficou célebre, ente outras coisas, pelo pedido de um dia de salário para a Nação e por um extraordinário discurso feito no Sabugo, apelando ao auxílio da população na luta contra os «reaccionários»...

Faleceu há cerca de dois anos, sem ter conseguido levar o país pelos seus amados caminhos de um socialismo anti democrático, ao estilo soviético cujo ensaio teve na mira implementar. Muitos portugueses sofreram na pele, nessa altura, o resultado do desvario que se apoderou de alguns ideólogos de momento.

Possivelmente são eles os únicos que têm esses acontecimentos mais frescos na memória, apesar da distância dos anos.

Mas era bom que os jovens fossem informados, nas escolas, do que foi o regime autoritário de 48 anos, do Estado Novo, a Revolução do 25 de Abril, os tempos de transição e a consolidação da Democracia que temos hoje.

Porque a Democracia não apareceu em Portugal por geração espontânea, como eles pensam.

3 comentários:

tativic disse...

Não trabalhei nesse dia, como, aliás, não conheço quem o tenha feito. Contudo, sempre conseguiu "arranjar" 13000 contos-uma fortuna, na altura- para um "dinâmico" Ministro do Trabalho, um tal major Costa Martins, dar o fora para a Argélia com a massinha, dos que "enfiaram esta touca!.A verdade do Prec, do gonçalvismo, da 5ª.-sinistra-divisão. do copcon e de outras "trafulhices" de abril, devem ser contadas, aos jovens, com VERDADE, e não com a VERDADE CONVENIENTE-das esquerdas!

Anónimo disse...

Após um discurso tão Fascista fascisante, lembro que o Senhor Vasco Gonçalves deverá ficar na história como o melhor primeiro ministro de todos os tempos, enquanto voces burgueses de merda esclavagistas facistas negreiros nazis, beija cus da merkel e lambe pés do franciú, e de toda a reação europeia e imperialista mafiosa americana, os vossos ladrões atuais roubam meses de salário, vejamos este bando de criminosois assassinos que governa a merda deste país

Anónimo disse...

Realmente, o nosso país continua infe.

Faustostado de fascistas.

Sim senhor, passados anos, O tal major Costa Martins foi ilibado de todas as calúnias e, mais, foi integrado nas Forças Armadas e promovido ao posto a que tinha direito.
Fausto