sábado, 24 de janeiro de 2009

GUERRAS SEM FIM À VISTA


Uma solução radical

Há guerras que passam desapercebidas à grande maioria da população. Não mostram grandes quantidades de armamento, não se resolvem em grandes batalhas, não envolvem as diplomacias e os exércitos de países beligerantes, nem metem bombardeamentos às cidades, mas afectam, sorrateiramente os indivíduos honestos, as famílias, a própria sociedade em geral

Na época da lei seca, nos EUA, as guerras entre gangues tornaram-se frequentes nas grandes cidades, tendo ficado célebres pelos maus motivos, além de muitos outros, Al Capone e o seu bando, na Grande Chicago.

Desde esse tempo para cá, as guerras da Máfia acentuaram-se, não pelo contrabando de álcool, como nessa altura, mas pelo de tabaco e, ultimamente, pelo controlo da droga, ultrapassando em ardil e violência tudo o que era considerado tradicional, no mundo do crime, fazendo os bandidos de Chicago parecer meninos de coro, perante o número, a frequência, a brutalidade, utilizados.

Os artifícios a que recorrem os chefes destes grupos de malfeitores ficam muito acima do que é possível imaginar.

Não sei quem ganha, nestes atributos, na guerra do narcotráfico, se a Colômbia, se o México.

Num artigo bem elucidativo do jornal Público de hoje, fiquei a saber que, no ano passado, por exemplo, morreram 5.700 pessoas, vítimas da guerra do narcotráfico, entre grupos rivais, no México, 700 das quais na área da cidade mais violenta, Tijuana. O mais grave desta hecatombe criminosa é que os cabecilhas conseguem muitas vezes escapar, devido a imaginativas ocultações das provas dos seus crimes, para desespero das autoridades policiais e da justiça.

Na passada quinta-feira, por exemplo, a policia mexicana deitou a mão a um sujeito de 75 anos de idade que confessou à imprensa ter dissolvido em produtos químicos corrosivos os corpos de 300 elementos de gangues rivais assassinados.

Com grande desfaçatez declarou ainda que não sentia nada na consciência pela solução radical praticada ao longo de dez anos e que consistia em fazer desaparecer os corpos em bidões industriais com soda cáustica, uma tarefa que lhe rendia 600 dólares semanais, pagos pelo patrão do gangue, isto é, cerca de 400 contos mensais!

Por todas estas barbaridades que são cada vez mais frequentes, a população mexicana reclama já a aplicação da pena de morte, que se encontra suspensa, e o Congresso Mexicano parece inclinado a debater o caso, embora uma nova introdução da pena capital represente um grande retrocesso na legislação do país.

Não poderá prever-se o que acontecerá, a este respeito, neste simpático país onde são visíveis, nalgumas áreas, uma extrema pobreza de certas franjas da população e enormes desigualdades sociais, nem até que ponto a Igreja Católica e as Instituições Nacionais conseguirão ser travão bastante a esta onda de crime que alastra de forma assustadora.

A violência gera violência e combater o crime de morte com uma pena de morte não parece ser a melhor forma de castigo ou de erradicação do crime. Também a moral cristã proíbe tirar a vida a quem quer que seja.

Mas o desespero das gentes que são apanhadas neste mar revolto pode levar a soluções menos consensuais, ou até à aplicação individual da velha lei de Talião... A solução para este magno problema é de grande dificuldade e não sei como poderá resolver-se, a não ser, provavelmente, pela intervenção cada vez mais eficaz das autoridades policiais. Mas não poderão estas aumentar a sua eficácia sem a cooperação da própria população. E essa torna-se muito complicada, no clima de corrupção e de medo imposto pelos gangues.

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