domingo, 4 de janeiro de 2009

EXEMPLOS


Portugueses de primeira

Ontem tinha descoberto, num jornal, o exemplo extraordinário de um médico com 93 anos de idade e 68 de exercício e aprendizagem permanente da profissão. Não contente com esse exagero de trabalho, competência e humanitarismo, continuava a cumprir a sua missão profissional, dando consultas durante cinco dias na semana. O seu maior desgosto era ter uma neta, quase médica, que discordava frontalmente do seu «exagerado» profissionalismo sem horários, sem tempo para descansar ou dedicar aos seus...

Hoje, a notícia que me deixou «arrasado» foi a de um senhor de 83 anos que continua a dar aulas no ensino superior, a orientar teses de mestrado e doutoramento e prepara a publicação do próximo livro. Padre até aos 50 anos, escreveu livros, foi pai, conselheiro, psicoterapeuta e professor possuindo um brilhante currículo académico onde se incluem quatro licenciaturas, algumas em universidades estrangeiras, e dois doutoramentos. Vive nos arredores de Coimbra, em cuja universidade formou várias gerações de psicólogos e, apesar de jubilado há 13 anos, ainda se desloca, às quartas-feiras, ao Porto, para leccionar. Tem várias publicações no activo e não lhe sobra tempo para nada.

Diz ele, com modéstia que, «enquanto cá estiver, continuarei ao dispor de quem precisar».

Casos destes são exemplos dignos de registo, numa época de exigências permanentes de benesses sem dar as devidas contrapartidas pessoais.

Gostaria de poder falar com estes portugueses exemplares e tentar penetrar no íntimo das suas consciências, para apreender na íntegra as suas faculdades de inteligência e humanismo, a sua forma de convivência com a sociedade à qual prestaram uma vida inteira de serviços sem queixas nem reclamações, sem radicalismos políticos ou doutrinários, com a única exigência de querer trabalhar sempre mais, para o bem comum, até morrer...

Na sua biografia não constam atitudes agressivas, actos de oportunismo ou corrupção, jogadas menos honestas e faltas de amizade ou lealdade para com terceiros. Nem consta que se tenham oposto a aumentos de trabalho nem à avaliação escolar ou profissional, durante toda a sua vida, porque souberam sempre ser os melhores...

Que mais poderá dizer-se em abono destes senhores?

Apenas que são portugueses de primeira.

E pena é que sejam apenas raras excepções, no panorama nacional.

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