segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

BARACK OBAMA


Expectativas reais e resultados imprevisíveis

O comboio do presidente das grandes expectativas está a chegar à capital, por entre grandes manifestações de regozijo.

Aproxima-se o grande momento da tomada de posse do novo Presidente, um presidente diferente, tão esperado não só por milhões de americanos como talvez de biliões de habitantes de todos os continentes.

Nunca alguém foi aguardado com tanta alegria e foi depositário de tantas expectativas no mundo inteiro como Barack Obama. Provavelmente essas expectativas são bem fundadas, sobretudo depois das vicissitudes que o anterior presidente não conseguiu contornar e dos erros de perspectiva que cometeu, que levaram a América e boa parte do Mundo a guerras de necessidade discutível e a uma crise económica e financeira que talvez pudesse ser mitigada ou adiada, com um comportamento mais adequado da sua parte. Foi-se.

Agora, por essas razões e por muitas outras, o que se espera de Obama é quase o impossível. Embora revestido de uma roupagem de simplicidade, imediatismo, eficácia, tudo são coisas bem contraditórias com o tamanho e a complicação das dificuldades existentes e as que se antevêem.

Será interessante, mas nada agradável, verificar, daqui a alguns meses, qual o índice de popularidade do presidente, ante as medidas impopulares que for obrigado a tomar e os menores êxitos conseguidos quer na política interna e externa, porque as massas são exigentes, são muito rápidas a pedir resultados daquilo que vai durar anos a obter e muito mais tempo a consolidar.

O aumento de desemprego, a dificuldade de fazer os negócios habituais na América das empresas e das iniciativas, associados à compressão das economias a nível mundial, com a diminuição geral simultânea do poder de compra, fez já com que muitos milhos de iluminados vissem em Obama o Santo Milagreiro dos EUA e do Ocidente, um novo Messias Salvador. Debalde ele próprio já vem advertindo as gentes das enormes dificuldades e de que as resoluções são demoradas e exigem sacrifícios...Ninguém acredita, todo o mundo espera, desvalorizando e dando o milagre por assumido.

Mas os israelitas é que não ficaram à espera dos acontecimentos e, como sempre, anteciparam-se a eles. Já pensaram em Obama, na sua possível orientação de politica externa, e apressaram-se o cessar-fogo em Gaza, numa aparente atitude de boa vontade. Obama vai ter, no médio Oriente, logo de início, a sua primeira prova de fogo.

Mas muitas outras se seguirão.

As expectativas de todo o mundo são reais, mas os resultados serão quase imprevisíveis, no emaranhado de problemas que afligem a Humanidade.

Barack Obama já elegeu Lincoln como o seu modelo, um paradigma bem alto, que os americanos consideram no topo dos seus melhores presidentes, apesar de ter arrostado com uma tremenda guerra civil e problemas imensos, na jovem república. Também ele foi o presidente americano de maior estatura física, mas apenas quatro centímetros acima do actual eleito. Este não tem uma guerra civil entre fronteiras mas, sem qualquer exagero, tem o destino do mundo nas suas mãos.

E o mundo não poderá estar nas mãos de um homem qualquer.

Há que ter esperança.

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