sábado, 18 de outubro de 2008

TELEMÓVEL FAZ CÓCEGAS


Mais um estudo engraçado

A Associação Britânica de Dermatologistas resolveu fazer um estudo sobre os efeitos do uso dos telemóveis, na pele dos utilizadores. Legítimo. Não tenho nada, contra e, como dizem os brasileiros, até dou de barato!

No entanto, o tal estudo tem a sua graça, pois sugere que «o aparecimento de erupções na pele das orelhas e das bochechas pode indicar o uso excessivo do telemóvel».

Nada de extraordinário, até aqui. As beijocas dos namorados nas bochechas e as frequentes mordidelas na orelha são capazes de coisas ainda piores e eles não se queixam. É certo que, logo ao primeiro contacto, na excitação dos personagens, aparece vermelhidão da zona de contacto, passando a uma situação de alergia, cada vez mais acentuada e perigosa, nas repetições. Porém, será preciso não confundir com a alergia psicológica que se verifica nas ocasiões seguintes, com a simples aproximação dos namorados um ao outro, ou a sua vista ao longe. O mesmo pode acontecer com as cócegas que os namorados promovem entre si, precedidas ou não do uso de telemóvel. E mais não digo.

«O estudo afirma que a inflamação, apelidada de «dermatite do telemóvel», afecta pessoas que têm reacções alérgicas à superfície de níquel dos aparelhos, após longas horas de uso dos telefones».

Também aqui não há nada de novo, até porque o níquel tem destas coisas. A novidade está no fabrico de telemóveis com capa protectora de níquel, coisa que ninguém conhece. Ninguém... é uma força de expressão!

«Segundo a Clínica Mayo, nos EUA, o níquel é uma das causas mais comuns de inflamações na pele causadas por alergias, sendo que, através dos testes de Lionel Bercovitch, da Universidade Brown, descobriu-se que 10 de 22 dispositivos testados, de oito diferentes fabricantes, continham a substância.»

Outra grande novidade, a do estudo! Claro que a maioria dos telemóveis usam níquel, nas antenas internas e nas baterias, nos circuitos, etc., etc., etc.

Mas a bizarria não se fica por aqui. É que se fala sempre em dermatites ou alergias de contacto, provocadas por telemóveis que são forrados de materiais plásticos. Estes, sim, é que entram em contacto com a pele dos dedos, das bochechas e das orelhas, e até do pescoço, quando a pessoa está a tomar notas escritas à secretária... O plástico é muito mais barato, discreto, leve, fácil de trabalhar para a indústria, isolante, pouco ou nada reactivo quimicamente e, tecnicamente, eficiente no seu desempenho.

A menos que os estudiosos tenham descoberto que milionários maníacos mandem forrar o seu telemóvel com níquel ou outro metal mais sonante e sintam comichão na orelha, especialmente com as cotações da bolsa em queda, ou cócegas na subida.

Ou eu sou um grande ignorante, ou os estudiosos ainda são mais que eu. Também pode acontecer haver ou algo encoberto ou simplesmente mal explicado!

Quero, no entanto, referir que estão na moda, e com toda a razão, os avisos às intoxicações com mercúrio, cádmio, chumbo, e por aí fora. As pilhas e as tintas estão entre os seus veículos mais correntes e que nos devem deixar sempre de pé atrás. E já não falo do urânio e outros metais com provas dadas em Hiroxima e Nagasaqui, mas que não andam por aí à balda, nas mãos de mortais comuns, como eu e muitos outros.

Os namorados é que não querem saber destes estudos para nada. Continuarão a beijar-se e a falar ao telemóvel quando lhes der na gana, com alergia ou sem ela, até porque, demais sabem eles que há inflação de estudos por esse mundo fora, pelos motivos mais caricatos e muita falta deles, pelos motivos mais óbvios.

Penso também que a totalidade dos utilizadores de telemóvel não ligará um pepino a estes estudos, e também aqui não há nada de novo. O mesmo se passou com os estudos sobre as telefonias, os televisores, os microondas, os computadores, os muitos biliões de aparelhos e aplicações da electrónica que nos facilitam a vida. Pelo menos até aparecerem estudos mais credíveis que essas balelas mais ou menos estatísticas, mais ou menos tendenciosas, mais ou menos propagandistas que têm aparecido por aí, pouco dignificando quem as faz ou quem as publicita.

Entretanto, e falando de forma mais realista, já me dei conta de que os meus netos são «alérgicos» às moedas de cobre e alegam isso para me extorquir mais qualquer coisinha.

A minha avozinha era alérgica ao níquel e o meu avô, à prata, mas as moedas respectivas nunca lhe causaram a mais ligeira comichão. Tomaram eles que lhes passassem pelos dedos, em contacto bem prolongado!

Ao ouro é que me parece que ninguém é alérgico, nem consta que alguém se tenha lembrado de fazer estudos. É caro demais para andar por aí, na mão de vulgares utentes de telemóveis ou de estudiosos diligentes, e os banqueiros mantém-no fechado a sete chaves. Não dá lugar a estatísticas, a não ser as financeiras.

Se alguém é alérgico, oculta de certeza, ou disfarça muito bem!

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