Tenho dúvidas de que os artistas que fizeram essas obras de arte negativa, tivessem alguma vez em mente melhores desempenhos do que os permitidos pelo extravasamento de alguma ideia momentânea de ressaca alcoólica, de certa toxidependência, ou mesmo de ambas.
Seja como for, a C.M.L. vai resolver o grande problema, com a aplicação de várias medidas, duas delas dignas de nota.
A primeira é a tarefa hercúlea e demorada, certamente, de limpeza de toda a porcaria espalhada por ali. Vai custar muito ao erário público, certamente, embora se justifique plenamente.
A segunda é a de policiar a zona convenientemente, apanhar em flagrante os graffiters, julgá-los e condená-los no acto...com processo suspenso se vierem a prontificar-se a limpar, rapidamente, a porcaria que tenham feito! Acho esta segunda medida exemplar e espectacular, ao menos no papel. É como dar duas nalgadas à criança travessa que atirou uma pedra à casa do vizinho e, ainda por cima, obrigá-la a pedir perdão.
Mas não creio que seja assim tão fácil de aplicar, porque vai ser muito difícil apanhar os graffiters em flagrante! A Câmara dará o balde, a esfregona e o detergente adequado, o que já não é nada mau, mas quem vigiará o trabalho? Imagino um polícia ou um capataz para cada réu, e eles devem ser tantos ...
Por outro lado, é muito provável que eles se desloquem, nas suas próximas aventuras, às zonas acabadas de limpar, como as mais apropriadas para o exercício da sua arte «pedrada» ou alcoolizada. E assim votará tudo à primeira forma.
Também uma terceira medida proposta pela Câmara nos parece de uma simplicidade peregrina. É a execução de grandes painéis murais aos lados da Calçada da Glória, destinados aos pintores de paredes que desejarem exercitar verdadeiramente a sua habilidade em obras de reconhecido mérito. Veremos mais tarde isso do mérito.
Desejo, no entanto, ao senhor Presidente da Câmara o maior êxito possível. A ele, aos agentes de polícia destacados, aos juízes rápidos e aos moradores que eventualmente denunciem todos os pinta-paredes que vejam em funções pelas ruas do Bairro Alto, fora dos tais espaços reservados à arte...
Mas a esperança é a última a morrer.
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