Notícias, factos e comentários
Em 16-1-2007 enviei ao Público, jornal que citava o elevado número de reclamações, com muitas das quais estava de acordo, a seguinte nota:
«Caros senhores:
Onde é que já vi uma qualquer medida, por mais insignificante que seja, sem a correspondente discordância? Geralmente quem discorda não o faz pelas melhores razões; é quem frequentemente prevarica e se julga sempre superior a qualquer regra, por melhor e bem intencionada que possa ser. Neste caso, é fácil invocar excessos da polícia, da caça às multas, dos erros de concepção das estradas, da redacção do código, dos altos funcionários do governo, da chuva, dos imigrantes, dos transportes públicos, da falta de passadeiras e da indisciplina dos peões...Estaria aqui a noite toda a catalogar razões sem qualquer razão, para justificar o injustificável -a indisciplina dos automobilistas portugueses, filha primogénita de uma falta de civismo que pais e escolas ainda não foram capazes de contrariar. Será por isso que os portugueses só obedecem a medidas drásticas?
Até amanhã, se não for atropelado, no meu regresso a casa, por algum dos tais habilidosos aceleras que não respeitam radares, nem sinais, nem outros que tais! Longe vá o agoiro…»
Passados uns largos meses, já em Janeiro de 2008, foi noticiado que, só em Lisboa, os radares haviam detectado mais de 250000 infracções, algumas das quais contravenções graves. A notícia foi acompanhada de uma nota da imprensa fiscalizadora chamando a atenção para a desalmada caça à multa e para o provável entupimento dos tribunais, já tão sobrecarregados…Claro que, se este problema não chegar a verificar-se ou for ultrapassado, outras cascas de banana serão lançadas aos implementadores do sistema, com cópia aos adeptos e aos defensores mais fervorosos.
Mesmo assim, é interessante verificar uma melhoria no ordenamento do trânsito nos locais onde foi posto a funcionar. Na minha óptica, o sistema só peca por uma coisa: deveriam ser automáticos a notificação do infractor e a cobrança respectiva. Seria ouro sobre azul. Entretanto, quem a pusesse a funcionar, deveria fazer um bom seguro de vida e usar permanentemente uma couraça das mais eficazes.
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