quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

O FOLHETIM BCP

A semelhança entre o Banco e o Futebol

Não sei se está a chegar ao fim a telenovela do BCP. O mais certo é ainda só ter terminado o primeiro capítulo. No entanto, o que foi dado conhecer já deu para perceber que há três crises no argumento, em vez de uma. É o três em um!

A crise do BCP deveria ter sido resolvida internamente, sem necessidade de recurso ao exterior. A busca de importânca e os erros de uns e a defesa e justificações de outros, usando todos a imprensa publicitária, levou a este imbróglio.

A sede de protagonismo, mascarada com objectivos políticos claros, arrastou também alguns gestores de qualidade, convencidos da vitória final nas eleições internas ontem efectuadas na Assembleia Geral do BCP, apoiados na tal imprensa oportunista e respectivos comentadores que chegavam a vaticinar, contra toda a evidência (não sei se ingenuamente, se com outros intuitos) a derrota do candidato ganhador ou a divisão dos votos a meio, na pior das situações!

Afinal, toda a encenação levada a cabo deu em nada e a montanha pariu um rato, para sua própria vergonha.

Finalmente, encheu-me de tristeza a propaganda infeliz feita ao BCP pelos piores motivos e a reacção final do concorrente derrotado na A.G, com pouco mais de 2% de votos, clamando uma grande vitória moral. Fez-me lembrar os resultados da nossa selecção nacional de futebol dos anos cinquenta, em que os jornais noticiavam as frequentes derrotas acompanhando sempre com o subtítulo de mais uma vitória moral, chegando a escrever que o nosso país era considerado no estrangeiro como campeão do fair play e da correcção desportiva. Assim, conseguiam dar um pouco de ânimo aos frustrados milhões de adeptos que nunca reconheciam que os rapazes jogavam mesmo mal…

Depois de tanta fofoca que a última semana tornou quase insuportável, propunha-me escrever um comentário em termos jocosos a tudo isto, já que tristezas não pagam dívidas, quando catrapisquei o artigo de imprensa de Ferreira Fernandes no Diário de Notícias, dos poucos a reduzir o folhetim aos merecidos termos. Qualquer coisa que eu viesse a escrever não seria mais acutilante e objectivo. Aqui vai:

«O BCP COMO O FCP: SEM OPOSIÇÃO
Ferreira Fernandes

Admirou-me a cabazada: 98 a 2! Um resultado que só acontece de millennium em millennium. Eu e todos os taxistas estávamos convencidos de que a coisa seria renhida. O último com quem falei até me fez calar quando entrei no táxi. Apontou-me a rádio sintonizada na TSF: "Estão a dar o resultado. " Fiquei, não o escondo, orgulhoso por pertencer ao único país do mundo - com excepção, talvez, do paraíso fiscal das ilhas Caimão - onde o povo segue com interesse os jogos de cadeiras nos conselhos de administração. Se o capitalismo popular não é isto, onde está o capitalismo popular? Mas, repito, desiludiu-me o final: 98 a 2 não é resultado que se apresente. O treinador de bancada da equipa perdedora, aquele senhor de Gaia, mais valia estar calado. E o treinador principal, o mister Cadilhe - especialista de números, aposta em 51% e leva só 2 para casa -, esse, teve a chicotada psicológica merecida. Não devia estar sentado no banquinho quanto mais no maior dos bancos.»

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