quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

O CUSTO DAS VÍTIMAS

A falta de civismo que nos indigna

O ano passado terminou com uma série absurda de mortes na estrada e o novo ano começa da mesma maneira. O fenómeno não é recente. Todos os anos é a mesma coisa.

Estou farto de ver as acusações da polícia de trânsito ao excesso de álcool dos condutores e à velocidade excessiva que imprimem às viaturas. Também estou saturado de ler na revista do A C P as críticas ferozes ao traçado e à sinalização deficientes das estradas nacionais.

Agora, num artigo de hoje do D.N., faz-se referência ao custo de cada uma das vítimas, para o erário público, cifrado em cerca de um milhão de euros!

Tenho as minhas dúvidas de que este custo, apesar de bem alto e entrar fundo no bolso dos portugueses, faça tremer de medo os portugueses! Eles estão-se borrifando, é o termo mais exacto, para o custo das vítimas, e até para as próprias vítimas! Claro, desde que as vítimas não sejam eles próprios. Aqui está a questão de fundo, na resolução do problema.

De há uns anos a esta parte, o Estado, quer por iniciativa própria, quer por influência ou pressão da CE, foi melhorando as estradas, o seu traçado, o seu piso, e a sua sinalização; colocou mais polícia nos pontos nevrálgicos, exigiu a revisão periódica dos carros, o controlo mais apertado e a revisão mais amiudada das cartas de condução; pôs em vigor um novo Código de Estrada, com multas muito mais pesadas, etc.

O número de veículos em circulação tem aumentado sem cessar e a quantidade de acidentes e mortes tem vindo lentamente a diminuir.

No entanto, os acidentes mortais, alguns de certa dimensão, continuam a manchar o obituário nacional, fazendo-se notar especialmente pela sua violência. Significa isto que, à medida que melhoram as estradas e a sinalização, aumenta a velocidade de condução e os choques de grande impacto? Neste contexto, a renitência na colocação dos cintos de segurança é imperdoável e também o consumo de álcool se torna muito mais perigoso.

Por outro lado, quem não tem carro, hoje?

Mas o civismo da população não acompanhou paralelamente o seu progresso material. Esta é a minha explicação para o número de mortes, aparentemente inexplicável, que continua a verificar-se nas estradas portuguesas.

E o remédio para isto, a meu ver, está nas escolas, a partir da Escola Primária. Talvez daqui a quinze ou vinte anos, se tudo no ensino correr bem, se comece a ver luz no fundo do túnel.

Oxalá seja antes e eu esteja errado!

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