terça-feira, 29 de janeiro de 2008

OS ALUNOS DO ENSINO SECUNDÁRIO

Viva a festa! O Carnaval está à porta…

Diário Digital / Lusa

29-01-2008 9:26:00

Alunos do secundário do Porto manifestam-se quinta-feira.

Alunos de escolas do Ensino Secundário do distrito do Porto manifestam-se quinta-feira para protestar contra o que consideram ser «o grave ataque à escola pública, gratuita, de qualidade e democrática».

«Sairemos à rua para exigir do Governo a escola a que temos direito», afirma em comunicado, Nicole Santos, da comissão organizadora do protesto, que vai decorrer no Porto.

Os estudantes vão reivindicar «educação sexual transversal a todas as disciplinas já no próximo ano lectivo, condições materiais e humanas nas escolas e o fim dos exames nacionais».

Exigem também «o fim da privatização das escolas (cantinas, bares e reprografias) e o fim do estatuto do aluno».

Nicole Santos acrescenta que os estudantes do Ensino Secundário do distrito do Porto estão «contra a aprovação do novo regime jurídico que abre as portas das escolas aos privados».

Só falta a entrevista respectiva, a complementar o comunicado, mas há-de vir na quinta-feira, no notiário das vinte.

Realmente, há coisas na vida que seriam incompreensíveis, como diria La Palisse, se não fossem tão fáceis de compreender!

Uma manifestação pública de alunos do secundário do Porto, conscientes e sabedores dos seus direitos, regateando e protestando especialmente contra o estatuto do aluno e os exames nacionais, a gestão das cantinas e reprografias, a falta de educação sexual e a intromissão dos privados no ensino público, etc…poderá ser encarada como sinal de maturidade cívica acelerada, pelas pessoas adultas de sólida formação moral ou académica?

A juventude sempre foi voluntariosa e atrevida, e não era agora que ia deixar de sê-lo. Mas sempre tive a ideia de que era simultaneamente permeável ao bom senso, aos ensinamentos dos mais velhos e ao respeito das leis por eles impostas, dimanadas da sua legalidade democrática, trabalhadas pela sua sabedoria e experiência da vida. Mesmo assim, as leis nem sempre saem perfeitas. Por vezes há que mudá-las ou aperfeiçoá-las e os Pais, como adultos responsáveis, têm que colaborar nisso, através da sua intervenção necessária, legal e oportuna. Neste caso dos problemas da educação, são eles os chamados a colaborar na melhoria do ensino, tal como os Professores, os Autarcas, o Ministério da Educação e até o Parlamento, se necessário.

Ou estarei errado?

Serão agora, nesta época de fenómenos, os filhos menores os mentores dos Pais, dos Professores e dos Gestores Públicos democraticamente eleitos?

Apesar dos tempos serem outros, não posso esquecer a expressão com que um professor respondeu a um colega meu de desasseis anos (a idade da contestação!) que se atrevera a refilar a um delicado pedido seu:

-Já a formiga tem catarro!...

Mas isso era naquele tempo. Agora, a formiga não tem só catarro, mas garganta afinada, apoios partidários, mascarados de ajuda à juventude inquieta…

A idade dos protestos e das reclamações vai baixando, a cada ano que passa.

Há dias, uns miúdos da primária montaram guarda a uma escola fechada a cadeado pelos pais e responderam às perguntas de uma jornalista que perguntava, esperta e clarividente:

-Em que classe andas?

-Na terceira…

-Então que estás aqui a fazer? A montar guarda à escola? Sabes porque puseram o cadeado no portão? Teria sido por causa da chuva que entrava pelo telhado, não?

-Sim…

E como este entrevistado parecia não dar troco, interrogou um segundo:

-Olha lá tu aí, em que classe andas?

-Na quarta…

-Parece que chovia na tua sala de aulas…

-Sim…

-E isso atrapalhava as aulas? Vocês não tiveram medo de ficar molhados?

-Sim…atrapalhava… a professora pôs um balde ao pé do quadro…

-Ai, sim? E vocês continuaram na sala, ou saíram?

-A professora mandou sair todos…

-E achas bem colocar o cadeado no portão?

-Sim. O meu pai disse que era preciso…para ter uma escola nova…

-E tu gostarias de andar numa escola nova?

-Eu gostava…

Valentes miúdos!

Valente jornalista!

Estou à espera de que, um dia destes, os bebés de ano e meio, que mal sabem soletrar papá e mamã, protestem ruidosamente e se oponham ao uso das fraldas compradas em saldo no hipermercado! Com o apoio das para farmácias…

Cá fico à espera.

Só não sei como vão fazer os jornalistas para as respectivas entrevistas.

Mas hão-de desenrascar-se…

1 comentário:

Anónimo disse...

Sabe Sr José Luís, neste país lindo existem trabalhadores de 14, 15, 16 anos, na construção civil, na hotelaria, nos shoppings, trabalham sem contratos, às vezes ,mais que 8 horas por dia, são os que menos recebem aliàs como as mulheres..
Aos 16 anos já se pode trabalhar, abandonar a escola etc e tal.
Aprende-se sempre, aos 18 anos muitos jovens são irresponsáveis, mas já podem votar, aos 50 anos os há (homens e mulheres adultos e pais) que muito deviam aprender..
Muitos dos dirigentes deste país, que alêm de adultos, são pais, e responsáveis pelo destino da população, não conhecem nada do que se passa nas escolas, não percebem o desajustamento dos programas curriculares, não percebem as verdadeiras causas da violência nas escolas etc e tal.
Tratar adolescentes como incapazes é o mesmo que se faz todos os dias aos Portugueses quando nos enganam, e nos exploram.
Faz parte da juventude uma garra capaz de mudar o mundo, exactamente por não terem ainda a maldade necessária para ficarem parados, são eles a esperança de uma sociedade mais justa.
Faze-los de incapazes, criminosos, mandriões, ignorantes faz também parte de uma estratégia para deixar tudo como está.
E por isso Sr. José Luís experimente conversar com alguêm que tenha 15 anos e perceberá como é bonito ver que os jovens têm as mesmas aspirações e sonhos de todos os adultos com uma única diferença, estão mais frescos, ainda não sofreram muito, têm força para lutar e se atirarem de cabeça, com uma agravante podem de forma muito fácil aprender o que não é o caso de homens e mulheres que já se agaixaram tanto que se lhes ve o cu, que têm gravado no cérebro estereotipos chavões regras e esquadros que nesta vida de nada lhes serve.
Os jovens deste país são o futuro, mas quando lutam seja pela educação sexual, seja porque chove lá no pavilhão, seja porque não querem pagar livros ou cantina, são já o presente de Portugal. De um Portugal feito de pessoas que todos os dias contribuem, de um Portugal em que a Democracia não passa pelo voto de x em x tempo, mas sim uma democracia feita todos os dias.
Passe bem, estou convencida que o senhor ou está muito enganado e mais tarde ou mais cedo crescerá, ou então percebe já tudo e então é o inimigo, e mais cedo que tarde será obrigado a calar-se a parar de dizer asneiras.
PS: Deve ter votado bem nas últimas eleições, e será que não tem um salário acima da média, e alêm de tudo isto é um ser humano solitário, que conhece mal a alegria, sim porque a alegria é a coisa mais séria da vida, e a alegria de lutar é muito parecida aquele sentimento chamado amor conhece?