domingo, 6 de janeiro de 2008

A NOTÍCIA E O COMENTÁRIO

Bial: visão, risco e gestão

Camilo Lourenco

Jornal de negócios

A Bial acaba de licenciar um medicamento antiepiléptico nos EUA, naquela que é uma das maiores conquistas das empresas portuguesas. A Bial actua num mercado difícil (uma droga nova custa 800 milhões de dólares), mas possui ADN de vencedora: tem visão (apostou nas doenças do sistema nervoso central e das doenças cardiovasculares), noção do risco (investiu 450 milhões de dólares na nova droga) e gestão (Luís Portela comanda 89 investigadores, e 7 nacionalidades, entre os quais 19 doutorados).

O prémio chegou ao fim de 13 longos anos, em que investiu 450 milhões de dólares sem qualquer retorno: o acordo com a empresa que vai negociar com a difícil Food and Drug Administration a comercialização do produto nos EUA vale 75 milhões de dólares (a que se somarão 150 milhões a partir de 2009). E o melhor pode estar para vir. Se conquistar 5% de quota do mercado das drogas epilépticas (4 mil milhões de dólares), imagine-se o jackpot?

São estes exemplos que devem ser divulgados, “ad nauseam”, pelo Governo. Até porque os grandiosos planos de apoio às empresas (tecnológicos ou outros) só funcionam quando existe visão, risco e gestão.


Mail enviado ao autor em 6-1-2008

Exmo. Senhor:

Antes de mais, parabéns pela publicação do seu artigo.

O tema enche-me de orgulho porque, por vezes, acredito que os portugueses, quando pensam e trabalham a sério em coisas que valem a pena, são tão bons como os outros.

Aflige-me, por outro lado, o tempo que é usual perder-se em questiúnculas de«lana caprina», tanto a nível partidário, como empresarial, etc., pondo os lobies do costume acima do verdadeiro interesse nacional, etc.

Diz, quase no fim, que o Governo deve divulgar «ad nauseam» casos como este...

Também concordo. Mas não chega...e até, neste país pequenino, poderia haver más interpretações.

Na minha opinião, seria muito interessante que a nossa Imprensa publicitasse «ad nauseam» estes casos. É à Imprensa que compete informar...com rigor, com o sentido íntegro de formação dos leitores e, num caso destes, informar bem e pormenorizadamente, repetidamente até à exaustão!

Mas prefere, tão solícita como é habitualmente, encharcar páginas e páginas de lodo, fofoca, crime e lugares comuns, formando assim o Zé no baixo nível a que nos vai acostumando e deixar para temas como este, meia dúzia de linhas...

Haverá alternativas?

Certamente. Eu gostaria, por exemplo, que a Imprensa, sempre tão importante e ciosa das suas liberdades (que ninguém contesta!), tivesse um pouco mais de humildade e, em consciência, se preocupasse um pouco mais com o seu devido uso. Ver o argueiro no olho do vizinho, já há muito quem.

Desculpe o meu desabafo sentido.

Os meus cumprimentos.


J.Rodrigues

Alfragide

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