quinta-feira, 4 de setembro de 2008

TREINADORES DE BANCADA

Oportunismo ou falta de senso comum?

Ainda há menos de quinze dias, os nossos eméritos comentaristas desportivos colocavam nos píncaros o Nelson Évora, não havendo adjectivos para elogiá-lo convenientemente. Ao contrário, a desgraçada Naide Gomes, que falhara o salto de ouro previsto pelos sábios, foi nessa altura crucificada pelo falhanço que a deixou destroçada, e foi atirada, sem dó nem piedade, para as profundezas dos infernos!

Que raio de imprensa e de comentaristas temos por cá, que se permitem destruir tudo e todos, num momento ocasional de pouca sorte ou de mau desempenho, e adular até ao ridículo, mesmo que momentaneamente, quem teve o esforço meritório, sem dúvida, e a arte de sair em primeiro?

A poeira dos jogos ainda não assentou totalmente, e aqueles mesmos atletas referidos foram mostrar as suas habilidades à Suiça, num areópago onde se apresentaram os melhores do mundo. Nem de propósito, o Nelson Évora ficou em quarto, na sua especialidade do triplo salto, e a Naide Gomes, no salto em comprimento, ganhou à campeã olímpica, obtendo a medalha de ouro...

Não tive tempo, nem pachorra, de ler os comentários dos mesmos energúmenos e louvaminheiros de há quinze dias. Apetece-me dizer apenas que tanto a Naide como o Nelson, e tantos outros desportistas que foram aos Jogos Olímpicos de Pequim são gente de eleição, no desporto nacional, tendo feito um esforço enorme ao longo de anos, para representar bem o País. Nem sempre o conseguiram, que o desporto não é matemática pura. Mas todos merecem uma palavra de estímulo para continuarem o seu trabalho dedicado em vez das tiradas azedas de tantos treinadores de bancada que por aí andam, estes sim, amantes da boa caminha, de manhã, sem o confessarem, ao contrário de um certo infeliz, abatido desportista que o disse, embaraçado, e ridicularizaram até à exaustão...

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