terça-feira, 9 de setembro de 2008

AINDA O CAMPEONATO VAI NO COMEÇO

Os bombos e as marretas

Ainda o campeonato nacional de futebol vai no início e já as costumadas pilhérias entre direcções sedentas de protagonismo e de vitórias lançam a confusão entre os adeptos, com a costumada irresponsabilidade e falta de civismo.

Na realidade, as direcções da maioria dos pequenos clubes, cheias de dificuldades, económicas e de toda a ordem, não têm tempo nem poder para se imiscuir nas tretas do futebol fora das quatro linhas, onde se joga o protagonismo e a influência das direcções dos grandes clubes. Valha a verdade que, entre estes, alguns não alinham nesta sede de Justiça à sua maneira, mantendo uma postura discreta e séria, onde outros exorbitam razões, acusações ou recursos...

O interessante e lamentável é que estas guerras inter direcções, transformadas em notícias de primeira página, são dessa maneira transpostas para os adeptos mais ferrenhos dos respectivos clubes, criando um clima desagradável e anti desportivo para dentro dos próprios estádios, não raro até fora deles. Toda a gente se tem dado conta das peripécias entre adeptos, noe estádios, ou entre eles e simples cidadãos pacíficos, em camionetas de turismo, bombas de gasolina, composições ferroviárias...ou na própria via pública, com necessidade de intervenção da força pública, com o resultado de alguns feridos, prisões, etc. E já há mortes a lamentar, mesmo em Portugal.

Mais interessante e anacrónico ainda, para além disto tudo, é comprovar, nos jornais, nas TVs, etc., como gente com altas responsabilidades na Sociedade, se deixa arrastar na lama anti desportista que por aí circula. Há juízes, advogados, ministros, presidentes de câmara, professores universitários, gerentes, directores de organismos públicos ou empresas, médicos, profissionais de todo o tipo metidos nestas trapalhadas. São pessoas respeitáveis e respeitadas nos seus meios, mas que perdem a capacidade de raciocinar e o simples bom senso, ante as picardias em que o futebol, dentro e fora do campo, é fértil. Vistos por alguém, de fora deste ambiente, fazem pena.

O Benfiica-Porto já teve lugar há dias, mas ainda não foram suficientes para acalmar os ânimos dos «tifosi» do costume, numa guerra que se pretende longa e perene, para mostrar serviço...

O certo é que o futebol é hoje, mais que um jogo que interessa aos ingénuos, papalvos pagantes e apoiantes, uma fonte de interesses económicos, sociais e até políticos, de uns quantos com dinheiro e habilidade, que dele se servem para aumentar os seus lucros, o seu protagonismo e a sua influência. Por alguma razão, os grandes clubes estão a ser adquiridos, no estrangeiro, por milionários de riqueza fácil.

A moda da compra ainda cá não chegou. Mas todas as outras «vigarices» instituídas na estranja, já circulam por aí. O resultado é que a verdade desportiva sai de tudo isto tremendamente fragilizada.

Os bombos e as marretas já começaram a fazer o seu concerto no campeonato da Liga Portuguesa recentemente iniciado. Os árbitros são os bombos da festa, como de costume, onde os directores de alguns grandes clubes e certa imprensa funcionam como marretas que neles batem com fúria, para gáudio dos adeptos, à vez...Os foguetes da romaria são cada vez menos. Só se fala em agressões, em castigos, em traições, em acusações, em julgamentos, e a justiça é que assim vai perdendo por tabela, na barafunda, a sua intangibilidade, a sua independência, a sua infalibilidade...

No meio do barulho, quase não se ouve a música o futebol como arte, como jogo, espectáculo desportivo, festa, distracção e lazer. E assim, aos poucos, vai desaparecendo dos Campos, da Imprensa e das TVs. O que se lê e vê por aí é outra coisa.

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