quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Estarei a exagerar?

POLÍTICA CASEIRA

Acordei cedo e mal disposto. Ainda antes do pequeno-almoço, fui para o computador ler as últimas da net, sem qualquer objectivo fixo.

A certa altura, depois de ver e ler tanta bagunça, apeteceu-me escrever alguns comentários sobre a novela que diariamente se vem desenrolando na Câmara de Lisboa. Mas, afinal, para quê? É sempre a mesma coisa... ou, como diz o povo, gira o disco e toca o mesmo. Para onde quer que nos voltemos, o panorama é igual. E ao longo da manhã, poderia ainda escolher dezenas de motivos do mesmo género.

Desisti. Em política, algumas coisas são sérias...ou parecem. Dá muito trabalho escolhê-las. Em geral, pouco do que é dito ou se publica é inocente, ou é o que parece. Fala-se de transparência linear minuto a minuto, mas os procedimentos são cada vez mais opacos e tortuosos... A politiquice tem tudo isto inquinado até aos ossos! Os políticos deviam ter um mínimo de vergonha na cara, em vez do chicoespertismo sempre pronto a actuar, sempre à espreita, sempre da última geração...

Onde é que eu teria lido que a Política era uma coisa séria? O Zé Povo é que a sabe toda, quando resume tudo numa frase: quem for sério, está tramado. Por isso, os sérios são cada vez menos!

Agora o reverso:

A Política é um mal necessário, tanto como o pão que comemos, nem sempre branco, fresco e mole, nem sempre escuro e rijo, nem sempre simples, migado, torrado, ou apenas condimentado com doce ou com manteiga, como gostaríamos... Dependemos dela, pois. Não temos outro remédio senão aguentá-la, com algumas virtudes e com todos os muitos defeitos que apresenta, alguns dos quais, ainda por cima, nos transformam em vítimas indefesas.

Quem se mete nela, tem que possuir um estofo muito especial, uma carapaça mais dura que a concha da tartaruga e um faro ou uma perspicácia mais rápida que a do lince, para conseguir sobreviver. Os brasileiros dizem-no de uma forma mais simples e eficaz: «política é p´ra leão»! (Lá estou eu outra vez a recorrer à sabedoria popular...)

Por último, à laia de compensação, durante a desgastante carreira, a «obrigação» fatal do político é prever e utilizar os furos onde encaixar os seus interesses pessoais, de forma a conseguir a almejada reforma dourada. Político morrer pobre é uma excepção, muito mais excepcional ainda que morrer na ponta de uma baioneta. Eu não conheço estátuas erigidas a políticos pobres. Devem ser extremamente raras... ou estou enganado?

Tinha pensado ficar por aqui, quando me passou pelos olhos a notícia de que um senhor deputado da nossa praça, depois de abalroar pela retaguarda o carro de outro condutor, se tinha negado a soprar no balão e voltado as costas, pura e simplesmente, ao prejudicado e ao polícia de serviço. O cartão de deputado também dá para isso? É o mais certo.

Lá bem nas linhas do fundo, no entanto, lá se ia dizendo que a Comissão de Ética da Assembleia da República provavelmente iria retirar-lhe a imunidade parlamentar, para poder ser julgado, autuado, obrigado a alguma indemnização ou qualquer outra coisa, por exemplo ser ilibado de culpa. Se isso acontecer, é bom, claro está, sempre que o honesto polícia se livre de algum aperto, ou não fique tolhido numa futura promoção…

Mais não digo, senão ainda me acusam de estar a exagerar…

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