segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

Crónica do Dragão-e


Um fim-de-semana no Porto

Fui ao Porto nas três horas do costume, viajando certinho e calmo pela autoestrada 1, sem qualquer novidade. O pior bocado foi depois de Coimbra e de Aveiro, com a fila interminável de camiões, por vezes ultrapassando-se mutuamente e causando alguns engarrafamentos desnecessários, até à chegada a Gaia. Optei pela Ponte do Freixo e lá fui embalado na fila tripla, passando ao lado do Estádio do Dragão-e, encostado ao grande Centro Comercial Dolce Vita, coisa que não há em Lisboa, numa associação contra natura incompreensível para o cidadão comum…Dali ao lado sai a via rápida para o Mercado Grossista e o Município de Gondomar, o do Major. Um pouco acima avista-se a famosa Torre das Antas, como um charuto azul envidraçado.

Depois do almoço, no sábado, lá foi a família toda a caminho de Gaia, onde a Carolina, acompanhada por colegas de curso, representava uma peça de teatro de Alexandre O´Neil, no Auditório Municipal, em cartaz há cerca de quinze dias. A miudagem, adorou. E, no final, resolveu pedir autógrafos aos artistas, visitar os camarins e ir ao palco ver a engrenagem do pano e os adereços utilizados na representação. Assim se passou a tarde.

À noite, lá estava na TV o Dragão-e (campeão-e de Portugal, da Europa e do Mundo não sei quatas vezes), vomitando fogo contra o inimigo Vitória de Guimarães, enquanto nos deliciávamos com as francesinhas, a minha montada num bife tenrinho e encharcada num molho acre e picante espesso bem agradável que decidi acompanhar com dois finos da ordem. Não consegui decifrar a receita. Também um pouco porque não pude concentrar-me, com o pessoal a gritar Porto! Porto! de vez em quando, só tendo acalmado com o final de «dois e zero»…Grande vitória, carago!

Já passava das dez quando saí com a família da Galiza, esta ali ao virar da rua Júlio Diniz, decidido a retirar o carro do parqueamento particular onde o havia deixado, por absoluta falta de espaço na rua. Lá, no Porto, como em Lisboa! Tirando a pronúncia, claro, de que os naturais se orgulham, pois dali tomou nome Portugal, como repetem a cada passo, para dar ânimo!

Com o problema dos «gangues» da noite, após a desvairada propaganda da Comunicação Social, cheguei a estar um tanto preocupado, que uma pessoa não é de ferro. As diversas entradas do parqueamento estavam fechadas, apesar de várias advertências em grandes parangonas referindo o encerramento às vinte e quatro. Num vão de porta, um segurança abrigado por detrás de uma porta envidraçada, lá veio esclarecer-nos de que a única entrada do Parque, aquela hora, era pela rampa de circulação dos carros e, rápido como o vento, retirou-se para o interior do edifício, que o frio começava a apertar. Lá andamos a procurar a entrada na zona mal iluminada, até que conseguimos chegar aos automóveis, finalmente. O parque era grande, com três pisos recheados de colunas, tantas e tão juntinhas como eu nunca tinha visto, (nem na Mesquita de Córdova!) dificultando em extremo as manobras, e com uma calha de saída bem apertadinha. Não se via vivalma. Não se ouvia uma mosca (também aquela hora e com aquele frio, era difícil). O isolamento era total. A sensação de nos encontrarmos na Nova York de Al Capone esteve presente nos nossos espíritos e só desapareceu quando nos vimos no exterior do tétrico edifício… E sair sem um arranhão na chapa foi uma vitória de estalo.

Ainda pensei, por um momento, torcer o volante do carro para os «Áliados», para ver o novo arranjo urbanístico da praça-avenida, marca R.R., que desconheço, mas lembrei-me a tempo de que estava lá instalada a maior Árvore de Natal da Europa, carago! Já em casa, tive a confirmação de que o pessoal da Invicta tinha andado por lá até às tantas, e o que evitou os engarrafamentos no local foi o desafio do FCP ser à noite!

No domingo, depois de um almocinho leve e sem bebida alcoólica, meti-me a caminho para Lisboa onde cheguei sem novidade. E ao abrir o portátil, cá tinha a minha dose de mails para ler e responder.

A vida é cheia de banalidades e de rotinas. Esta crónica também. Hoje não deu para mais.

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