segunda-feira, 16 de março de 2009

SPORTING EM BOLANDAS


Derrotas, arbitragens e ameaças

Há alguns anos a esta parte, a culpabilização das arbitragens pelos maus resultados tem sido a melhor solução encontrada pelos futebolistas e, particularmente pelos dirigentes dos clubes, para justificar os maus resultados conseguidos em campo, da mesma forma que dar a garantia de conquista do campeonato tem sido o prato forte para a aquisição de novos elementos e, sobretudo, para a eleição dos corpos gerentes. O abuso destas desculpas ou intenções, num tipo de linguagem acusatória e populista, atingiu o máximo, com a desacreditação geral das arbitragens, terminando na abertura de processos a alguns dos dirigentes que ganham os desafios e aos árbitros que os fazem perder.
Os árbitros não são santos infalíveis e, como qualquer humano, são susceptíveis de errar. Até a Justiça erra, de vez em quando, mas teremos que dignificá-la e depositar nela a nossa confiança, sob pena de transformarmos a Sociedade num bando de selvagens.
Atacar os árbitros com despudor, a torto e a direito, por alguns erros que involuntariamente cometem, ou pela maioria dos que se inventam e publicitam ao sabor das conveniências, atribuindo-lhes intenções malévolas, é atitude reprovável e anti desportiva.
Ultimamente, o exagero a que se tem chegado neste capítulo, veiculado e ampliado pela Comunicação Social nem sempre inocente e isenta, vai conduzindo os adeptos mais acérrimos a extremos de agressividade, com o cúmulo manifestado pelas claques organizadas dentro dos recintos desportivos e até fora deles, com as correspondentes e frequentes intervenções da polícia, para além da vigilância dos adeptos nas entradas dos recintos desportivos, como se fossem aeroportos estratégicos…
O certo é que a exigência de bons resultados das equipas, como garantia de um equilíbrio financeiro cada vez mais difícil de conseguir, e o abuso desta prática corrente de desculpabilização pelas derrotas, à custa da acusação dos elementos da arbitragens, conduzem fatalmente ao fim anunciado do desportivismo, abalado já pelos exageros de profissionalismo exigidos e pelos altíssimos ordenados pagos aos jogadores.
O enorme capital e outros grandes interesses (económicos, sociais, políticos, etc.) postos em jogo pelo futebol, nacional e internacionalmente, concorre fortemente para o extremar das posições e dos correspondentes comentários.
Como consequência, a necessidade de ganhar a todo o custo tornou-se também no objectivo de topo que acabou por sobrelevar o desportivismo, nas mais variadas circunstâncias.
Assim se chega a situações desagradáveis e até de certa gravidade, como a veiculada pela Comunicação Social através do título; Elementos do Sporting ameaçados de morte, precisando logo a seguir que algumas personalidades receberam uma carta de ameaça de morte motivada pelos recentes resultados da equipa.
Ontem à noite, um conhecido comentarista desportivo, mandava algumas indirectas aos dirigentes do clube que não sabiam comunicar adequadamente com a massa associativa… Enfim, outros dirão coisas diversas, todos com boas intenções mas fracos resultados.
Ora, o problema de fundo, toda a gente bem formada sabe qual é: a falta de educação cívica que se traduz num radicalismo tornado lei, nos objectivos, nas situações, nos resultados. Infelizmente é o que mais se verifica por aí, e agora também no desporto, o que é bem lamentável. O caso do Sporting é apenas um pormenor, no panorama geral
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