sábado, 28 de março de 2009

CERTEZAS INCERTAS


Sim, não, ou nenhum deles?

A Comunicação Social desempenha nas democracias um papel inestimável, na informação dos cidadãos.
Dessa informação fazem parte inúmeras alíneas, qual delas a mais importante. Entre elas, o jornalismo de investigação desempenha hoje um papel essencial, dando conhecimento às populações, às autoridades e à Justiça, de situações, de factos ocultos ou que passaram despercebidos, muitos deles suspeitos ou acusados pelo senso comum de ilegalidades de vária ordem. Em Portugal temos que agradecer à Comunicação Social o facto de ter denunciado situações irregulares de maior ou menor gravidade, originando a intervenção imediata das forças policiais e da Justiça.
Até aqui, creio não ter dito nada de novo, nada mesmo que a maioria dos portugueses não possa subscrever.
Os problemas da Comunicação Social começam quando, embalada nos seus próprios êxitos, pretende que a Justiça confirme tacitamente aquilo que ela investigou e passou à população como certo.
Mas geralmente, até que essa certeza venha a ser certificada pela Justiça, vai muitas vezes uma grande distância, medida em anos de trabalho da polícia, de advogados e de tribunais que não se regem exactamente pelas mesmas bitolas. E assim, das propostas frequentemente feitas e sustentadas diariamente ante a opinião pública, muitas acabam metidas no caixote do lixo pelos tribunais.
Ultimamente, diversos casos e situações dadas como crimes de colarinho branco ou de corrupção administrativa tiveram esse destino. Fruto deste aparente desentendimento entre juízes e jornalistas, resulta o desencanto cada vez maior das populações perante a Justiça. Mas os Média vão sofrendo também os seus rombos, perdendo algo da sua credibilidade.
O povo olha as notícias que a Comunicação Social lhe fornece com pouca desconfiança e chama ineficaz à lenta Justiça Portuguesa. Mas não tenho dúvidas também de que alguns apreciadores destas valorizações diferentes das mesmas situações se interroguem se são certezas ou incertezas, aquilo que nos apresentam a Comunicação Social e a Justiça, cada uma de sua maneira?
É a Justiça que falha constantemente, ou é a Comunicação Social que frequentemente não fala verdade? Sim, ou não, ou nenhum deles?
A única certeza resultante destes casos julgados prévia e apressadamente na praça pública, com a sentença posterior de ilibação de culpa, é que todos os portugueses ficam a perder um pouco da sua capacidade de discernimento, deixando cair o seu interesse pelo que se passa no país, ou chegando mesmo à descrença nas suas próprias instituições.

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