A gordura que não é formosura
Um estudo, mais um, desta vez da universidade de Oxford, parece demonstrar que a obesidade é causa de uma diminuição de 10 anos, na esperança de vida. Há muito que se suspeitava que isso pudesse acontecer, mas o ser humano gosta de ultrapassar certos problemas de saúde, fazendo por esquecê-los, e este não foge à regra. Algumas vezes, o abuso da comida e o vício da gula dão-lhe um prazer invencível. Outras vezes, contudo, a força de vontade não é suficiente para lutar contra o prazer gastronómico ou simplesmente a tendência orgânica para engordar.
A obesidade é como uma praga, nos dias de hoje. A alimentação desregrada e incorrecta e o sedentarismo parecem ser as suas causas principais. Passando na rua, depressa damos conta deste fenómeno, coisa que raramente era dado observar, algumas décadas atrás, em que o povo, provavelmente pouco fornido de carnes ou até mal alimentado, se comprazia a dizer que «gordura é formosura» ante alguém mais anafado. Nos países do Ocidente a situação era mais ou menos a mesma.
A obesidade manifesta-se nos adultos, mas actualmente é frequentemente observar crianças obesas ou no limiar do índice de massa corporal tido como preocupante.
Os governos da Europa Ocidental e da América do Norte estão seriamente preocupados com este fenómeno da nossa geração e as suas consequências, especialmente com o aumento de população jovem considerada obesa, e procuram intervir na orientação das dietas alimentares nas cantinas escolares que se encontram sob a sua administração. Portugal procura seguir estes bons exemplos de defesa da saúde pública.
Infelizmente, tal como há dois anos com a lei anti tabaco, também agora já apareceram por aí alguns defensores de uma certa liberdade democrática ao contrário, a liberdade para o seu vício, sem se importarem com o que de mal vão causando aos familiares, aos vizinhos, aos amigos, a toda a toda a sociedade não viciada que os rodeia, como se quisessem convencer-nos a todos de que, na obesidade como no tabaco, Deus é nosso e o Diabo é para os outros. Porém, se são felizes por momentos, se querem matar-se cedo a fumar desalmadamente ou a saborear constantemente lautas e pouco saudáveis refeições, o problema é deles. Mas vão curtir o seu vício para longe, em liberdade plena, não façam as crianças fumar ou a comer por conta, ensinando-lhes vícios que não devem, nem nos obriguem a pagar-lhes depois as anormais e acrescidas despesas de saúde.
As crianças, tanto num caso como noutro, são as maiores vítimas da inconsciência, da ignorância, ou do egoísmo dos pais, dos familiares ou dos adultos mais próximos. Que raio de «liberdade» é essa que esta gente esgrime em sua própria defesa, que nem lhe permite o respeito e a defesa das suas próprias crianças?
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