terça-feira, 30 de dezembro de 2008

VENHA LÁ O 2009!


Acordo ortográfico em andamento

Tenho em cima da mesa o Dicionário da Língua Portuguesa 2009, da Porto Editora.

Já o comprei há dois meses e não sei quantos mais terá de impresso, porque não diz. Mas também não importa muito, porque é de 2009, para 2009 e para depois de 2009, não sei por quanto tempo.

A curiosidade deste dicionário é que já traz as duas grafias, antes do acordo (aAO) ortográfico e depois (dAO)...É óptimo (aAO) ou ótimo (dAO), conforme se queira, até que a grafia acordada seja tornada obrigatória.

Sempre assim aconteceu com todos os acordos ortográficos, pela impossibilidade de aplicar uma nova ortografia de forma instantânea, como muitas pessoas pensam.

Também não é nenhuma tragédia o acordo ortográfico, como outros tentam fazer crer. Desde 1911 houve várias alterações e acordos, e à falta de maleabilidade e teimosia de alguns «sábios» se deve a existência de muitas das divergências de hoje, nas versões brasileira e portuguesa do idioma. Penso que este acordo, não sendo o óptimo para cada uma das partes, é uma acção de grande importância linguística e política, para todos os países da língua portuguesa. Tudo o resto é pura defesa de interesses mesquinhos, de vistas curtas, sob a capa de princípios de ética ou de defesa de étimos que, desde D. Afonso Henriques, têm vindo a ser alterados, a gosto ou a contra gosto dos entendidos ou das academias. E o importante, sempre que há alterações, é que todos saibamos escrever português conforme fica estabelecido e compreendido, nos países de língua oficial portuguesa e fora deles, com especial relevância para as altas instâncias internacionais.

Desde que me conheço, já passei por algumas transformações ortográficas. Longe de mim voltar a escrever como nos meus tempos de menino, de estudante de liceu, ou mais tarde ainda...

Parece-me que este acordo ortográfico (ratificado em Portugal pela quase totalidade dos deputados em Maio de 2008) é, sobretudo, confluente e corajoso, em oposição às tímidas, paralelas ou até divergentes modificações feitas no século XX, permitindo desta feita a unificação da escrita do Português, como exige a Grande Pátria Lusófona, à semelhança do Inglês, do Francês e do Espanhol.

A aplicação de um acordo deste tipo é coisa complicada, envolverá todas as escolas, muitas entidades e serviços, algum esforço de aprendizagem, persistência e o abandono de posições de teimosia e resistência. Está visto que essas situações de oposição renitente não são da maioria das populações, mas de alguns doutores do idioma. Mas sempre assim foi. As alterações ortográficas nunca tiveram o apoio total dos sábios. A maioria delas foi imposta pela voz popular ou pelo poder político, com os académicos a reboque.

A Porto Editora, ao imprimir o novo Dicionário da Língua Portuguesa 2009, com 265000 entradas, está dando um exemplo de nacionalismo e de eficácia, transferindo para um livro de uso corrente o que começava a andar por aí nos opúsculos, algumas vezes de consulta mais complicada e nem sempre à disposição.

Um dicionário é sempre um dicionário!

Sem comentários: