quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

FALSOS, DESONESTOS E LADRÕES

A vários os níveis

O que se vê e lê por aí, em termos de verdade, honestidade, e respeito pela vida e propriedade alheia é desanimador para alguém que tenha sido educado na observação estrita destes princípios. Bem sei que os princípios cada vez valem menos, nos dias que correm, e que as crises económicas cada vez são mais difíceis de inverter, tornando-se num caldo de cultura da falta de honestidade, da mentira e do roubo. Mas fazer destas anomalias a normalidade, como os recentes casos da banca quase conseguiam, ultrapassa todas as raias da moral e da decência humanas.

Comparados com estes, os casos de mutação ou usurpação de personalidade que ultimamente surgem nos jornais parecem pequenas brincadeiras de crianças. Também não é assim. Exigem a atenção dos profissionais sérios e não devem ser menosprezados por eles, ou postos de lado com um simples encolher de ombros.

Hoje, por exemplo, li num periódico a notícia de que dois idosos, dos arredores de Coimbra, tinham sido roubados em cerca de 2000 euros por dois desconhecidos que se apresentaram como funcionários da Segurança Social.

Já não é a primeira vez.

Há uns anos, outros espertalhões faziam-se passar por funcionários bancários ou das finanças e exigiam as notas de escudos, guardadas com esforço de muitos anos no colchão da casita do monte alentejano, para trocar por novos escudos ou euros imaginários.

O caso de falsos vendedores de lotaria com o vigésimo premiado já tem barbas de tão antigo, mas há gente que ainda cai, de vez em quando.

Muitos outros charlatães têm aparecido por aí e feito a sua época. Vêm e vão, voltam de tempos a tempos, quando lhes parece que o sistema está esquecido e surge de novo a oportunidade de serem bem sucedidos, ante a ressuscitada credulidade dos cidadãos. De há uns tempos para cá, têm, no entanto, aparecido casos insuspeitos mais rebuscados, mais inverosímeis, com uma aparência de seriedade e honestidade muito difícil de desmontar.

Foi o caso de um falso polícia, fardado e tudo, que cobrava multas aos desprevenidos que apanhava a jeito.

Foi o caso de um falso advogado que exerceu durante anos, com consultório estabelecido, exibindo certificados profissionais, representando clientes a quem nunca passou pela cabeça estarem em presença de um aldrabão!

Foi o caso de um falso médico que, além do consultório particular onde exibia os seus méritos, exercia num hospital público e frequentava conferências e congressos da especialidade.

Foi o caso de uma falsa juíza que extorquiu quantias importantes a pessoas ou entidades por um processo simples, insuspeito das vítimas.

Quantas outras situações deste tipo têm ocorrido, que já nem recordo? Já é caso para pensar qual será a profissão que está a salvo de ter gente desta, no seu seio...e como é difícil estabelecer uma barreira intransponível para evitar estas actividades fraudulentas.

O certo é que não se trata apenas de um caso de polícia. Infelizmente, nem a verdade, a honestidade e o respeito pelos outros cidadãos se determinam por decreto...

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