quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

DEPUTADOS A MAIS


Responsabilidade a menos

Depois da cena dos fantasmagóricos deputados que assinaram o ponto e sumiram, muitos artigos foram escritos na Comunicação Social, quase todos com conotações políticas mais ou menos demonstradas, nem sempre assumidas. Isso é normal em democracia e na nossa imprensa que se diz sempre neutra, mas nem sempre o demonstra.

O que é grave, nos comentários vindos a lume, é uma certa tendência inicial para o espectáculo mediático de primeira página, logo seguido do branqueamento da culpa!

Os senhores deputados, inicialmente atacados, de todos os lados, viram-se, pouco tempo depois, justificados, para uns não fazendo mais que os restantes portugueses, para outros fazendo-se vítimas da falta de controlo dos chefes de bancada e do próprio sistema eleitoral da Constituição da República que deveria ser mudado rapidamente, para outros ainda sofrendo das ausências da família que os fins-de-semana serviriam para minorar, etc. A técnica da alteração do sistema eleitoral foi o comentário mais ouvido e lido, como de tivesse alguma coisa que ver com as faltas e a vigarice das assinaturas dos senhores deputados, ou a repetição das mesmas daqui a algum tempo...

Por que será que os portugueses, com a Comunicação Social à cabeça, têm uma tendência inata para desviar, para lateralizar o centro das questões? Porque será que essa mesma Comunicação Social que rapidamente tem entradas de Leão, em pouco tempo arranja saídas de Sendeiro?

Batista Bastos, no DN de ontem, diz que "O incidente do prolongado fim-de-semana dos 48 deputados dá que pensar. Pensar que a dignidade das funções, quaisquer que elas sejam, depende do carácter e da integridade de quem as exerce. E em torno destes princípios devemo-nos unir ou separar". Mas se a falta é uma necessidade, um erro ou uma irresponsabilidade, a assinatura viciada é um acto de desonestidade sem discussão, sem perdão!!!

Longe de mim fazer juízos de valor ou simples conjecturas, mas o português médio por certo os fará, com lógica indesmentível, apoiado num sexto sentido infalível que o povo tem, nestes casos. Os deputados faltosos erraram. Alguém comentou já que «tinham dado um tiro no pé», mas os deputados que assinaram uma falsa presença deram um tiro na sua consciência. Não se lavaram da culpa, não pediram desculpas aos cidadãos que os elegeram nem mostraram arrependimento, antes tentaram arranjar, por portas travessas, desculpas de mau pagador! Não merecem continuar no hemiciclo, seja qual for o partido a que pertençam. Mal irá aos responsáveis partidários, que tantas vezes falam na defesa dos princípios morais, se fizerem o branqueamento da culpa, como parece que vai acontecer. Onde está a sua vergonha?

Não sei se a tão propalada alteração da lei eleitoral, que está a ser erguida estrategicamente em passa-culpas, seria benéfica ou não para o país. Mas numa coisa estou de acordo: é preciso diminuir o número de deputados e torná-los mais cumpridores, mais responsáveis, mais eficientes, mais honestos, menos faltosos.

Há deputados a mais.

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