O caso da fruta
Já nem me lembrava do caso da fruta!
Quando li, hoje, o título da notícia, fui ler e descobri logo que se tratava de um caso antigo, badalado até à exaustão, na Comunicação Social e nos «mentideros» desportivos do futebol. Dizia respeito a um célebre desafio entre o F. C. Porto e o Estrela da Amadora, na longínqua época de 2003-2004.
Pinto da Costa, que ganhava os campeonatos há um ror de anos, tinha sido posto em causa pelo Benfica, arrastando uma boa fatia da Comunicação Social, com a alegação de que «comprava» as arbitragens. O resultado da partida fora posto sob suspeição.
O caso foi parar ao tribunal, sendo a testemunha essencial de acusação Carolina Salgado autora, por interposta escritora, de um livro divulgado até na Internet, onde se denunciavam escandalosas actuações do ex-marido e presidente do clube nortenho.
O processo arrastou-se na Justiça até que um Tribunal decidiu pura e simplesmente arquivá-lo por falta de provas.
Mas o caso não ficou por aqui.
A insistência do Benfica e da Comunicação Social conseguiram comover o Ministério Público que nomeou uma procuradora de renome para reabrir o processo e outros. Agora é que ia valer! O «Pintinho» estava tramado!
Passados mais dois anos de burocracia justicialista, sem fogo à vista, novo coelho saiu ontem da cartola: O Tribunal da Relação do Porto negou provimento ao recurso interposto pela equipa liderada por Maria José Morgado, que contestava o arquivamento do processo contra Pinto da Costa e o FC Porto, relativo ao jogo FC Porto-Estrela da Amadora de 2003/2004.
O Pinto canta de poleiro, para desgraça do Benfica.
Ora o portuguesinho tranquilo e trabalhador que olha para tudo isto como se fosse uma série de diversões futebolístico-jurídicas, que haverá de pensar mais?
Que a nossa justiça é mais lenta de que um caracol, demorando cinco anos a decidir que não havia crime nenhum?
Que, sendo assim, o Benfica e a Comunicação Social andaram vários anos entretidos e contentes a tentar culpar um adversário desportivo, sem resultado?
Que o Ministério Público e os Tribunais não deverão ter assuntos mais importantes que estes, para ocupar o seu precioso tempo a investigar e julgar o caso da fruta que não valia um caracol?
Quem disse que, em Portugal, há Tribunais sem tempo?
Sabemos que não é bem assim.
De qualquer forma, é uma tristeza constatar como a Justiça perde tempo, em Portugal. Ou talvez não, conforme a perspectiva.Mas por que não se cria um verdadeiro Tribunal do Desporto, onde caberiam todas as frutas das diferentes épocas, os apitos dourados, de prata ou de lata que pululam por aí, e tantas outras aberrações desportivas que só servem para entupir os normais Tribunais Civis
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