sábado, 14 de fevereiro de 2009

CRISE SEM MANOBRAS NEM DESESPERO


A importância dos media


Ontem à noite, de pura casualidade, sintonizei uma estação de TV de pouca audiência e deliciei-me a ver e ouvir um Senhor Economista, com letra grande, na sua deambulação pela crise que nos preocupa a todos, com a calma, a sapiência, a tolerância e a humildade que são apanágio dos sábios. Fiquei encantado. Mais ainda, fiquei surpreendido com os condutores da entrevista, a quem me apeteceu enviar os parabéns. Coisa rara de apreciar nos nossos ecrãs, os entrevistadores encaixaram as respostas e as dissertações do sábio, não lhe cortaram a palavra abrupta, abusiva e sobranceiramente, como vai sendo hábito dos importantes jornalistas entrevistadores da nossa Comunicação Social. Das poucas vezes em que tentaram centrar a atenção na crítica política, tiveram a humildade de acatar a posição independente, eminentemente pedagógica e técnica do entrevistado que, muito correctamente, se afastou da querela e da fofoca tradicionais.
Nem sei quanto tempo durou a entrevista, tão absorto estive a apreciar a dissertação. E, uma vez terminada, fiquei a pensar nas trapalhadas que vemos, lemos e ouvimos todos os dias, onde a auto suficiência e a prosápia de apresentadores e convidados tantas vezes aliadas às jogadas politiqueiras indirectas, fazem sobressair a maior ou menor ignorância sobre os temas e, sobretudo, a desastrada maneira de estar em público.
Pena que entrevistas do tipo desta não tenham lugar nos canais de maior audiência e fiquem condenadas a uma muito limitada classe de cidadãos.
A crise financeira e económica assola o mundo inteiro e a nós, pequeninos, só nos resta aguentar, resistir na medida das nossas possibilidades, trabalhando e procurando vencer as grandes limitações que os grandes nos impõem. Não nos resta muita margem de manobra, eu diria mesmo que, depois de ouvir o sábio, fiquei ciente de que a margem de manobra da nossa administração é muito pequena e exige de todos os cidadãos, a começar pelos governantes e pelos donos e activistas dos partidos políticos, a maior concertação possível de esforços.
Com estudo sério, acção perseverante, sem manobras de bastidores, sem entrar em nenhum desespero irresponsável e redutor.
Mas aos média compete um papel importantíssimo, o de passar a mensagem certa ao cidadão comum, acompanhada da respectiva acção pedagógica, isenta e honesta, fazendo o esforço que lhe compete para se afastar da demagogia tentadora e justicialista à qual, por vezes, no seu exagero absurdo, nem a própria justiça escapa.
O país não pode ficar refém de querelas estéreis, alimentadas até à exaustão por uma imprensa que, escudando-se na liberdade democrática, mas exercendo-a de forma irresponsável, vai ajudando a minar os alicerces da própria democracia.
Também muito mais importante que andar à procura de culpados para todos os males de que a nossa economia padece, disse o sábio entrevistado, é congregar esforços para tentar resolver os problemas, começando pelos mais urgentes, que já são muitos e muito difíceis. E neste capítulo, na minha enorme ignorância, sinto-me em perfeita sintonia com ele, porque só assim, aliás, conseguiremos chegar a bom porto.
Hoc opus hic labor est!

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