segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

FRASE INCONFUNDÍVEL


Interpretação folclórica

O prémio da frase do dia de ontem pode ser atribuída ao dirigente de um certo partido político, tão inteligente quanto oportunista no aproveitamento das situações que a política lhe apresenta, sempre com a ideia de capitalizar, longe vá o agoiro, as deixas que os adversários partidários lhe facilitam.
Assim, no congresso do partido, fazendo gala do seu espírito impertigado, inconfundível, resolveu dar algumas estocadas aos adversários das direitas capitalistas, tentando demonstrar ao areópago, por uma simples parábola, a justeza do seu raciocínio político. A frase que saiu, na TV, foi a seguinte:
"Alguém já viu o capital a produzir? Imaginem dois coelhos numa cova, de certeza que vão sair coelhinhos, mas, se pusermos duas notas de 100 euros, imaginam que vão sair notas de vinte?»
Um sorriso amarelo aflorou às faces dos acólitos empedernidos, embevecidos perante tão sintetizadoras palavras.
Uma frase inconfundível, como esta, não lembraria a ninguém, senão ao chefe! Soaram algumas palmas.
Comparar desta maneira a capacidade reprodutora dos coelhos e a capacidade produtiva do dinheiro, não lembraria ao diabo! Mas segundo ele, ficou definitivamente provado que o capitalismo é a maior lacra social de todos os tempos porque, meter notas de cem euros numa cova não conduz a nenhuma multiplicação, mesmo em notas de vinte, ao contrário do que acontece com a reprodução dos coelhinhos…
Mas não estou assim tão certo, apesar desta afirmação tão perentória. Para sacar petróleo é preciso cavar bem fundo. E os coelhos reprodutores também não aparecem por geração espontânea.
Enfim, para certos especialistas da palavra, há sempre uma frase adequada à interpretação mais folclórica que possa ser imaginada. E ao seu contrário, conforme a conveniência.
Ele há cada uma!

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