terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

O DESAPARECIMENTO DE MADDIE McCANN

Mais um episódio…

Estávamos todos muito tranquilos, quase há um mês sem notícias do caso, quando começaram a correr mundo as últimas pesquisas e novidades saídas na C.S. sobre o envio ou não, a Inglaterra, das perguntas a fazer ao casal McCann. Ao longo de uma semana foi explorado até à saciedade este magnífico filão, discutindo se as perguntas haviam sido traduzidas ou não para inglês, por tradutor oficial ou não, na posse do Ministério Público ou não, com a provável censura ou não da polícia ou justiça inglesa…E no fim, qual balde de água fria, veio a resposta cabal desta dar cabo de tudo, num ápice: não tinha recebido nada das autoridades portuguesas! E, como as autoridades inglesas não mentem, os ingleses são sempre sérios, rápidos e rectilíneos, ao contrário das autoridades portuguesas que não seriam… haveria que culpar alguém pela retenção das peças de inquérito.

Acabou por acusar-se a si próprio, coitado, o Ministério Público, a medo, sem grandes explicações. Para mim, e provavelmente para muito boa gente, contudo, a tradução teria ficado no cesto de despacho de algum funcionário demasiado zeloso…ou extremamente descuidado e nada mais. Aqui, não sei por que carga de água, não deve ter funcionado o tradicional e espectacular desenrascanço português. Mas também não gosto de ser má lingua e admito estar enganado...

Judite e Sousa teve então a brilhante ideia de trazer à TV o Director da Judiciária que estava a ser posto em dificuldades com a investigação jornalística à investigação policial e aos possíveis interrogatórios desta investigação ao casal MacCann e então, como também é hábito nestas entrevistas, surge matéria prima para mais outra semana de fofoca. Na verdade, se não fosse assim, como é que se alimentavam certas páginas da imprensa escrita ou falada?

Desta vez, pois, foi o Senhor Director que resolveu, entre muitas coisas inócuas que disse, meter o pé na poça, comentando que o magistrado que tratara do processo se tinha precipitado ao declarar os McCann arguidos, etc.

Claro que esta nossa P.J., o Ministério Público e até os Senhores Magistrados, como toda a gente, metem por vezes o pé na poça, o mesmo que é dizer metem os pés pelas mãos, enfim dão os seus tiros no pé…e por aí fora!

A verdade é que fica muito mal ao Director da PJ opinar sobre assuntos cuja investigação está a decorrer. E muito pior ainda é opinar sobre assuntos da magistratura, num processo em curso, ainda por cima implicando cidadãos estrangeiros.

O anterior chefe da investigação fora substituído por causa de uma «boca» e agora, penso que o director da PJ deveria seguir o mesmo caminho, ou então justificar que aquilo que disse, não era «boca» nenhuma. Mas em Portugal, com as consciências sempre tranquilas a propósito de tudo e de nada, as coisas são sempre imprevisíveis.

Também não tenho o condão de adivinhar!

O que sei é que, entretanto, já opinam os comentaristas de todos os periódicos, já atiram pedras os advogados do País e da Inglaterra, imaginando situações ao gosto de cada um, alterações ao estado conhecido ou imaginado das investigações, o «desarguidamento» dos arguidos, o castigo dos investigadores ditos precipitados e por aí fora.

Numa redução ao absurdo que este caso já vem merecendo, poderiam os mais impacientes (ou descrentes!) clamar:

Viva a falta de senso que reina por aí!

Viva a busca permanente e imaginativa da imprensa!

Vivam os McCann por muitos anos, com todos os problemas que a sua presença na Praia da Luz trouxe ao «pagode». Com eles vivos, vive bem a imprensa portuguesa e a inglesa, os consultores ingleses, os advogados ingleses e os portugueses, e as respectivas equipas de toda esta gente…para além da Polícia e da Justiça Portuguesas a quem compete a resolução do caso.

Oxalá elas consigam algo, no meio de tanta barafunda.

Coitada da pequena desaparecida!

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