Crónica da Quercus e do ambiente fiscal
No país das capitais, onde já contei mais de trinta e provavelmente não são todas, começando na Capital do Norte e acabando na Capital da Chanfana, as anedotas sucedem-se na C. S., a um ritmo avassalador, sempre de acordo com o aumento do número de páginas publicadas. E ainda bem que assim é, porque os portugueses já não têm pachorra para ler coisas sérias sobre assuntos ridículos e coisas aberrantes sobre assuntos sérios, todos os dias passadas na imprensa diária. Talvez assim os leitores descuidados ou desprevenidos tenham papel de sobra para as suas necessidades ou emergências íntimas. Porque, num periódico de 100 páginas, podem ser aproveitadas 95 para esse efeito e apenas 5, com muitas reservas, para arquivo. Menos mal que agora se vão alargando as zonas dos ecopontos pelo pais fora devendo atingir, dentro de breves anos, a totalidade das zonas habitadas e, sendo assim, há sempre uma possibilidade cada vez mais alargada de reciclar o papel tão absurdamente desperdiçado, mesmo depois de usado em assuntos tão fundamentais ao corpo humano.
Já o mesmo não se passa com as árvores donde se fabrica a pasta de papel, cada vez mais cortadas cerce, sem possibilidade de reposição, tanto mais que os famigerados ecologistas se atiram como macaco à banana, aos plantadores nacionais de eucaliptos que, segundo dizem, chupam a água dos terrenos em proveito do papel, mas cujas folhas alguns poucos agricultores mais esclarecidos colhem e exportam para a extracção, sempre e só no estrangeiro, de essências para a Indústria Farmacêutica, Cosmética e outras, com lucros assinaláveis para os quais não somos, nem queremos sobranceiramente ser perdidos nem achados.
E aqui está como a Quercus, interessando-se pelo supra sumo da qualidade de vida do país, do aproveitamento integral da água e da conservação da natureza, consome muito mais papel que eu (que utilizo quase 99,9% das vezes em que escrevo, o computador), mandando para a Comunicação Social balelas atrás de balelas, a fundamentação zero!
Interessante seria que a Quercus combatesse a utilização intensiva do petróleo, promovesse a pesquisa, o fabrico económico, a armazenagem, o transporte e a utilização fácil de energias alternativas limpas baratas, como o hidrogénio, por exemplo, e se deixasse de exageros, enquanto faz uso do automóvel até à exaustão, mais do que muitos outros humanos que nem são ecologistas, ou ainda vegetam à fome, de rastos como as lagartixas que tanto protegem …
Agora está na moda destes senhores o biodisel, lançado como a panaceia universal, promovendo a reserva de milhares de hectares de terrenos, alguns ocupados por florestas protectoras, para o cultivo de plantas para abate e combustão, mas esquecendo-se de que a alimentação está em primeiro lugar para a Humanidade, com organismos geneticamente modificados ou não. Os cereais começam a aumentar de preço, as populações não comem biodisel, as áreas agrícolas depressa se degradam, e ficaremos entregues à sorte de alguém descobrir mais uma solução de recurso para quinze ou vinte anos…
Claro que estes problemas ainda não estão bem visíveis neste país das capitais, porque a C.S. perde o seu tempo com a fofoca, embora cada vez haja menos castanhas na Capital Carrazeda de Anciães, ou carne de cabra na Capital Nacional da Chanfana que é Foz de Arouce. E, quando o petróleo escassear ou estiver a uns bons centos de euros o litro, até a Capital Nacional das Rotundas que é Viseu ficará entregue aos bichos…se eles ainda tiverem que comer, nessa altura!
Também os pais vão ter, então, grandes dificuldades para obter alimentos para os filhos, mesmo que o Pai da Engenharia Nacional ressuscite, mesmo que o Pai do Satélite Português se esfalfe por resolver equações matemáticas para trazer benefícios de outros mundos, mesmo que o Pai do IRS e do IRC em Portugal ganhe todas as questões que o opõem ao fisco, como relata uma notícia caricata de hoje. Deus nos acuda!
Entretanto, e até lá, sigamos a velhinha máxima das Selecções: «Rir é o melhor remédio».
Aqui vai a transcrição da notícia, para quem não acredite no que estou dizendo:
«Pai do IRS e IRC alvo de penhora após pagar dívida
O Fisco mandou congelar conta bancária de Paulo Pitta e Cunha, considerado o pai do IRS e do IRC em Portugal, mas o fiscalista denunciou a situação e a penhora foi entretanto anulada, revela o jornal Público esta segunda-feira.
A Direcção-Geral dos Impostos (DGCI) penhorou uma conta bancária ao fiscalista e presidente da comissão que preparou a introdução do IRS e do IRC em Portugal, em 1989, Paulo Pitta e Cunha, por uma alegada dívida de pouco mais de 340 euros…».
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