segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

A AVALIAÇÃO DOS PROFESSORES

Quem não deve não teme

A avaliação está na moda. Que coisa haverá, nesta hora, em Portugal que não seja avaliada? Provavelmente, nada! Mas lá fora, há muito tempo que já é assim, existindo uma consciência cívica de rigor e cumprimento dos deveres que em certos países, como no Japão, chega a ser um exagero. Por muito que isso nos custe, andamos sempre a reboque do que se passa no estrangeiro.

Nas empresas privadas, a avaliação é norma imposta pela ética e pela própria lógica do negócio. Os empregados são avaliados pelo que produzem e os administradores são avaliados pelos resultados que conseguem, sendo reconduzidos ou demitidos pelos patrões ou pelos votos expressos dos accionistas nas assembleias gerais.

Também os alunos são avaliados pelos resultados que obtêm nos seus exames.

E os professores? E os restantes funcionários públicos?

Na vida pública, o grande número de funcionários, o laxismo das chefias, das autoridades e do funcionamento das instituições, foi tornando as avaliações obsoletas, na prática inexistentes. Quase não há memória de funcionários públicos despedidos ou que não tenham recebido nota para a sua promoção ou aumento salarial, no fim do prazo estipulado. Funcionalismo público significou sempre a estabilidade no emprego e a progressão na carreira garantida em todas as circunstâncias, devido à avaliação virtual e automática que se estabeleceu. Por isso, inverter a tendência e colocar o funcionalismo nos carris da eficiência e no apoio efectivo ao cidadão que lhe paga o salário é tão difícil.

Mas será que, quem paga aos funcionários públicos não tem o direito de exigir-lhes produtividade, como ocorre com os sócios e patrões de uma empresa privada relativamente aos empregados a quem remuneram?

Por outro lado, se todas as profissões são passíveis de avaliação, porque será que os funcionários públicos, e em especial os professores, não querem sê-lo, de verdade? Claro que é isso que pretendem, no fundo, embora não seja o que querem fazer crer para o exterior da classe, com as manifestações e as reclamações antigovernamentais sem sentido a que já nos vêm habituando, a que alguns juízes arcaicos por vezes dão cobertura aprovando providências cautelares aberrantes.

Julgam-se intocáveis, invejam que alguns colegas possam obter classificação superior, ou têm medo de ser preteridos pelo pouco que muitas vezes produzem?

Provavelmente. Mas quem não deve, não teme…

Sem comentários: