domingo, 31 de agosto de 2008

PORTUGAL E O FUTURO

Sejamos positivos!

Pouco antes do 25 de Abril, o General Spínola, um dos mais hábeis comandantes da Guerra Colonial, desiludido talvez com a escalada das operações e o rumo dos acontecimentos no terreno, sem fim à vista no campo militar, começou a magicar na forma de acabar honrosamente a contenda, propondo uma tese a desenvolver pelos políticos. Escreveu então um livro, Portugal e o Futuro, que o regime que governava na altura achou perigoso para a sua persistência de defesa e manutenção, a todo o custo, do Império, a Pátria Multirracial e Pluricontinental legada pelos nossos maiores.

Infelizmente, as teorias expostas pelo General estavam já muito atrasadas no tempo, para que pudessem vir a ser postas em prática, mas o livro teve o condão de espevitar a Nação para o levantamento das Caldas da Rainha, em 11 de Março de 1974, precursor da revolução vitoriosa de 25 de Abril, a qual acabou com o Regime de 1926 e a Guerra Colonial, restabeleceu a Democracia em Portugal e, por certos acontecimentos ocorridos nos dois seguintes primeiros anos, dado o panorama político internacional existente, tornou Portugal conhecido no mundo inteiro!

O regime saído 25 de Abril, apoiado e vitoriado pela grande maioria da população, mas ainda assim denegrido aos olhos de uns quantos saudosistas, veio a pouco e pouco a estabilizar os seus fundamentos e, como tal, o País perdeu lentamente todo o protagonismo revolucionário dos anos 74 e 75, passando à semiobscuridade pacífica sem interesse para o jornalismo dinâmico dos nossos dias.

Em Portugal, hoje, a nível mundial, não se passa nada!

E dessa maneira, embora todos gostemos muito dessa tranquilidade morna e acolhedora, a verdade é que Portugal é pouco conhecido entre as gentes da estranja, apesar dos esforços titânicos de todos os governos democráticos, de todas as campanhas publicitárias postas em curso, mau grado os cinco milhões de heróicos e humildes emigrantes e seus descendentes espalhados por esse mundo fora.

Infelizmente, seja qual for o país de que se trate, os acontecimentos que nele ocorrem só têm grande projecção na imprensa moderna, local ou mundial, se tiverem impacto mórbido negativo nas populações, seja a nível económico, moral, militar, político, religioso, judicial, etc.

Ultimamente, porém, o Desporto tem vindo a ocupar cada vez maior destaque na imprensa, em todo o mundo, facto a que talvez não seja estranho o aumento de competições regionais, nacionais e internacionais nas mais diversas áreas, culminando com os diversos Campeonatos Continentais e Mundiais e, finalmente, com os Jogos Olímpicos.

O valor da imprensa desportiva já é incomensurável.

Os políticos sabem o valor que o desporto tem na propaganda das suas nações e investem cada vez mais, nessa área. O Desporto Amador tem passado célere a Profissional. A publicidade e as somas que intervêm nos negócios desportivos são, por vezes, de uma grandeza que espanta. Alguns desportos, como o futebol, tornaram-se populares, entre as camadas mais desfavorecidas das populações, os seus praticantes logo passaram a ídolos muitas vezes mundialmente conhecidos, pelos seus golos, pelas suas fintas habilidosas, pelo valor incrível das suas transferências, etc.

Contava há dias, um jornalista que, na China, durante os Jogos Olímpicos, ficara surpreendido, porque um popular com quem travara conversa, conhecia muito bem o País: Portugal era a pátria do grande Cristiano Ronaldo, do Deco e do José Mourinho!

Não me surpreendeu nada a referência, pois lembrei-me logo do Eusébio, do Futre, do Paulo Sousa e mais uns quantos cujos nomes ficaram gravados na memória das gentes, por essa Europa e pelo Mundo fora...

Há poucos anos, de visita à Turquia, acontecera o mesmo comigo, em plena Capadócia, e no Bazar de Istambul. Desta vez os heróis portugueses eram o F.C.Porto, ganhador das taças dos Campeões e o jogador Luís Figo, declarado o melhor jogador do mundo, na altura!

Acabo de ler que um outro herói está a despontar no futebol português e mundial: Danny, um jovenzito que se celebrizou no Dínamo de Moscovo e foi transferido, há menos de quinze dias, para o Zenit de S. Petersburgo pela soma recorde astronómica de 30 milhões, a maior do futebol russo!!!

O certo é que o endiabrado e genial compatriota conseguiu a dupla proeza de marcar um golo fabuloso pelo Zenit ao Real Madrid, na Supertaça Europeia, transmitido já milhares de vezes nas televisões de todo o mundo...e ser classificado o melhor jogador do encontro.

Estou todo inchado!

Com estes craques, futebolistas espantosos, Portugal está salvo! Ao diabo todas as crises demolidoras que andam por aí! Acima sempre a nossa autoestima Até rima!...

Já não é verdade o que diziam, em pleno século XIX, certos derrotistas profissionais da elite, que esta é uma Terra de boa gente humilde e tranquila, onde proliferam os preguiçosos, os desgraçadinhos os borrachos, sem habilidade para nada, e por aí fora...

Não é verdade, repito: apesar de uma certa preguiça tradicional, as coisas parece que estão a mudar, com os exemplos da Rosa Mota, do Carlos Lopes, da Vanessa Fernandes. Nas estradas, porém, ainda se encontram alguns bebedores. Mas por aí fora...os portugueses estão a mostrar a sua fantástica habilidade a jogar à bola! Para alguma coisa hão-de servir!

Até já há quem diga que, neste momento, os jogadores de futebol são o nosso maior produto de exportação.

Isso não sei, mas o certo é que são presentemente, como eu próprio pude comprovar, a face visível do País no estrangeiro, os nossos maiores publicitários.

Com crise ou sem crise, Portugal marca presença a nível mundial, coisa que já não se verificava desde ao Guerra Colonial e o famoso PREC, após o 25 de Abril!

Quem disse que o futebol era uma praga?

Sejamos positivos!

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