Enquanto os dois primeiros apresentaram e defenderam as suas posições, mais ou menos convincentemente, conforme as cores dos seus partidários ou simpatizantes, mas com o mínimo de argumentos técnicos de base, o último discorreu sobre os principais problemas da Economia do país, mostrando tecnicamente os erros cometidos pelos políticos nos últimos dez anos e apresentando as melhores soluções, alicerçadas em bases sólidas, irrefutáveis.
Mas, para além das diferenças dos temas e das soluções apresentadas nas entrevistas, ficou bem patente, para o espectador, que os discursos, dos políticos e do técnico, corriam em linhas paralelas, como conversas de surdos, independentemente das razões apresentadas, sempre com a percepção nítida de que, quem está de fora da execução sabe sempre muito mais o que fazer, do que quem está dentro dela. É natural e humano, mas nem sempre verdadeiro.
Nesta sequência, ficou ainda, a quem assistiu às três entrevistas, a sensação de que as soluções óptimas para o País eram as do tecnicista Medina Carreira, e nunca as dos políticos, quer da Oposição, quer do Governo, estas embora prejudicadas por alguma politiquice ou picardia que vem sempre à mistura nestas alturas.
Claro, impor-se-ia fatalmente, aos ouvintes, que Medina Carreira, o sábio, o homem das soluções eficazes e consensuais (ou outro semelhante), tomasse as rédeas do Governo da Nação, para obter a sua redenção rápida, em linha recta, sem voltas nem recuos. Estamos, neste ponto, todos de acordo.
Então porque esperamos?
É que, infelizmente, governar não é apenas apresentar problemas e soluções. Se assim fosse, Portugal seria um éden! Medina Carreira é um conhecedor absoluto das necessidades e das dificuldades da Nação, em Economia e Impostos, tem razão na maioria do que afirma, mas partindo do princípio que aceitava, antevejo que não teria três meses de governação, se tentasse sequer pô-la em prática.
Curiosamente, governar em democracia, mais que compreender e comentar o passado, e prever o futuro, é fazer, equilibrando o que se deve e o que se pode... com a licença e a aprovação da maioria dos cidadãos, na prática, em muitas circunstâncias, uma autêntica quadratura do círculo!
E assim, só nos resta, como vai sendo hábito, caminhar com cuidado e sem grandes veleidades, no fio da navalha em que nos encontramos permanentemente, esperando não cair no fosso. O que, valha a verdade, já não é nada mau, nos tempos que correm...
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