sexta-feira, 25 de julho de 2008

MAIS OUTRO ARQUIVAMENTO

Justificações de um trio respeitável

Depois do arquivamento do caso Maddie, já por muitos considerado como paradigma da Justiça Portuguesa tomada em sentido lato, não têm conta os artigos e comentários que têm sido publicados enchendo páginas e páginas de toda a Comunicação Social, geralmente de uma superficialidade confrangedora, relatando com o recurso a títulos bombásticos, quantas vezes, aquilo que era suposto ser reduzido a uns tantos parágrafos de textos concisos e esclarecedores. Tudo para satisfazer e incrementar a coscuvilhice doentia de grande parte dos leitores.

Mas não se pretenderia um jornalismo bonzinho, incaracterístico, apático, subserviente. Simplesmente que fosse rigoroso na informação e certeiro no comentário.

A verdade é que a maior parte desses textos agora editados faz uma crítica impiedosa à Investigação e à Justiça Portuguesa, mas limpa as mãos quanto à actuação da Imprensa, o que não é correcto, na minha perspectiva. Muitas vezes, ao longo de todo o processo, ela foi veículo de inverdades, ambiguidades e até comentários tendenciosos sempre soprados por alguém bem situado, a despeito dos muitos «segredos de justiça» que abundavam por aí.

Sejamos honestos: à semelhança de tantos outros casos, neste também houve falhanços simultâneos da Investigação, da Justiça e da Imprensa, sem grandes desculpas ou atenuantes para qualquer delas. Vir agora uma certa classe jornalística desculpar-se das fofocas apresentadas, com os erros da PJ ou do MP e o secretismo das «fontes seguras», parece-me semelhante às desculpas dos investigadores pela falta de vestígios e enredos das testemunhas, ou dos juízes pela dificuldade de fazer sentenças perfeitas na base do que a polícia conseguiu investigar, etc.

Estas são as justificações deste trio respeitável.

Deitar culpas dos fracassos para o tipo do lado, especialmente se está fragilizado, é um vício ancestral dos corporativismos nacionais, em vez de procurá-las dentro de si próprios.

Além do que, como diz o Zé-Povinho, é sempre muito mais fácil ver o argueiro no olho do vizinho...

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