Mas não se pretenderia um jornalismo bonzinho, incaracterístico, apático, subserviente. Simplesmente que fosse rigoroso na informação e certeiro no comentário.
A verdade é que a maior parte desses textos agora editados faz uma crítica impiedosa à Investigação e à Justiça Portuguesa, mas limpa as mãos quanto à actuação da Imprensa, o que não é correcto, na minha perspectiva. Muitas vezes, ao longo de todo o processo, ela foi veículo de inverdades, ambiguidades e até comentários tendenciosos sempre soprados por alguém bem situado, a despeito dos muitos «segredos de justiça» que abundavam por aí.
Sejamos honestos: à semelhança de tantos outros casos, neste também houve falhanços simultâneos da Investigação, da Justiça e da Imprensa, sem grandes desculpas ou atenuantes para qualquer delas. Vir agora uma certa classe jornalística desculpar-se das fofocas apresentadas, com os erros da PJ ou do MP e o secretismo das «fontes seguras», parece-me semelhante às desculpas dos investigadores pela falta de vestígios e enredos das testemunhas, ou dos juízes pela dificuldade de fazer sentenças perfeitas na base do que a polícia conseguiu investigar, etc.
Estas são as justificações deste trio respeitável.
Deitar culpas dos fracassos para o tipo do lado, especialmente se está fragilizado, é um vício ancestral dos corporativismos nacionais, em vez de procurá-las dentro de si próprios.
Além do que, como diz o Zé-Povinho, é sempre muito mais fácil ver o argueiro no olho do vizinho...
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