quarta-feira, 30 de abril de 2008

JUVENTUDE IGNORANTE-II

O remédio que ninguém quis aplicar

Ao escrever umas quantas linhas sobre o discurso, bem intencionado mas inócuo, do senhor Presidente da República, na Assembleia da República, nas comemorações oficiais do 25 de Abril, expressei apenas o desconforto que me ia na alma e terminei com uma frase simultaneamente de desabafo e de acusação:

«Só chamar nomes feios aos jovens, nunca adiantou grande coisa.»

Como de médico e de louco todos temos um pouco, segundo o conhecido ditado, ocorreu-me que poderia ter acrescentado umas quantas dicas, à laia de remédio, para combater o mal de certa propalada ignorância dos jovens que tanto aflige muita gente adulta com responsabilidades, mas para a qual não conseguiu dar as soluções adequadas ao longo de 34 anos de Democracia discursiva, ziguezagueante e, por vezes até, contraditória!

Ora, falando bem e depressa, o que tem faltado aos políticos e à imprensa do nosso País é um investimento sério, pertinaz e eficiente numa exploração escolar do civismo transversal a todas as outras cadeiras do ensino, ou de numa cadeira de educação cívica adequada às circunstâncias da vida actual, onde fossem recordados e valorizados os valores pátrios, o comportamento correcto dos cidadãos ante as diversas situações que a vida proporciona, no pleno respeito pela constituição da república, do cumprimento das suas leis e das regras sumárias de convivência das populações.

Coisas bem simples como uns meros rudimentos da nossa constituição, o hino nacional e o conhecimento básico dos próceres da Fundação da Nacionalidade, da sua Independência e Restauração, da Fundação da República e do Restabelecimento da Democracia em Portugal, poderiam ser um bom começo, o mínimo para o primeiro ano da Instrução Básica a continuar e desenvolver ao longo de toda a escolaridade obrigatória, a par da aplicação de noções adequadas do correcto comportamento em casa, na rua, na escola, na estrada, na repartição pública ou privada, nas salas de convívio ou espectáculo, artes e desporto, nos contratos, nas empresas, etc., em suma, a forma de estar correcta e digna na Sociedade…

A verdade é que, com a demissão dos pais de boa parte da sua função educadora, fruto de circunstâncias da vida actual, caberia aos professores, num espírito de missão a sobrepor-se ao de puros mercenários, tentar suprir essa falta, de forma a conseguir alunos com o mínimo de civismo que o País deseja. E para isso deverão ser devidamente apoiados.

Mas não só a escola deverá desempenhar esse papel. Os políticos através do governo e das autarquias podem e devem incentivar, por todos os meios, o civismo nacional e dar o exemplo, realizando e incentivando a realização de actos cívicos de valor, com a ajuda preciosa dos cidadãos mobilizados por uma imprensa honesta, conhecedora e de sentido pedagógico, para que todos juntos façamos desaparecer, para sempre, a nódoa que, ao longo destes anos, foi o esquecimento e a negligência das entidades oficiais para com este tema, umas vezes por simples desleixo, outras por puras divergências politiqueiras. O que prova, à saciedade, que a ignorância não é só dos jovens, com por aí dizem alguns…

O remédio não parece, pois, complicado, mas só produzirá efeitos se for correctamente ministrado e, mesmo assim, só passível de resultados a longo prazo. Mas mais vale tarde que nunca!

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