Por isso, falar aqui de cataratas até pode parecer despropositado. Mas o caso é outro.
Parece-me, a avaliar por uma notícia de hoje, que já é o terceiro município português, neste caso Santarém, que efectua contratos com Serviços Médicos Cubanos para resolver os atrasos nas listas de espera dos nossos Serviços de Saúde para operações do foro oftalmológico, dando assim uma ajuda preciosa aos munícipes mais carenciados. Esta solução parece, à primeira vista, o ovo de Colombo para resolver o problema dos referidos atrasos nas operações de cataratas e outras cirurgias consideradas corriqueiras hoje em dia, mas que em Portugal se está a transformar numa crise de resolução demorada, difícil, caricata mesmo, com listas de espera medonhas, para as quais já nem as cunhas habituais surtem efeito…
Claro que soluções «espectaculares» como estas poderão sempre ser contestadas por opositores políticos, por oportunistas de serviço ou pelos prejudicados evidentes, neste caso os médicos cirurgiões oftalmologistas.
Invoca, pois o Senhor Bastonário da Ordem dos Médicos na defesa destes, que as autarquias e o S.N.S. fazem enormes gastos desnecessários ao erário público, numa «decisão bizarra e miserável», em que os presidentes das câmaras usam os utentes com fins eleitoralistas, sendo que Portugal não está num estado catastrófico que tenha necessidade de soluções deste tipo, muito menos fazendo uso de Cuba e dos pouco fiáveis métodos utilizados pelos respectivos médicos, bem se podendo substitui-los com vantagem pelos clínicos da C.E…
Mas o ridículo da questão é muito maior que isto. Um jornal diário dava a notícia, há dias, de que um médico espanhol efectuava 50 operações diárias, em Badajoz, deslocando-se com igual rendimento a Elvas, realizando cada operação a um custo 50% inferior ao dos privados portugueses e propondo-se acabar num ápice com as anacrónicas listas de espera do S.N.S. na região onde a média dos eficientes e conscienciosos operadores portugueses não ultrapassa as 7 operações de sol a sol, nos dias dele!
Mais palavras, para quê?
Para quê praguejar por aí que estamos no País das cataratas sem fim?
Vivemos mas é num País de ceguetas!
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