sábado, 10 de maio de 2008

APITOS DE VÁRIAS CORES

Culpados às riscas e aos quadradinhos

Há muito tempo já que não vou ao futebol, mas parece-me que era corrente os árbitros utilizarem apitos de metal, cromados ou prateados. Agora leio nos jornais que andam também por aí apitos dourados, assim baptizados, creio, pela PJ ou pelo Ministério Público. E muito provavelmente ainda haverá apitos doutras cores, no panorama desportivo português.

Não estou totalmente a par do processo e das sanções disciplinares que a Liga de Futebol aplicou ontem a alguns árbitros e clubes da Primeira Liga e seus presidentes, em razão de vários cambalachos e apitadelas pífias que ocorreram, e de que alguns dirigentes de outros por elas prejudicados se haviam feito eco, denunciando um pretenso sistema de má nota…

Desde que me conheço, sempre me habituei a ver nos rectângulos e fora deles na própria imprensa, o protesto sistemático dos perdedores contra os árbitros, em denúncia de supostos erros cometidos a favor das equipas ganhadoras. Mesmo nas bancadas, as torcidas entretinham-se frequentemente a invectivar os trios das arbitragens considerados menos favoráveis, não raramente os atingindo, a caminho dos balneários ou à saída do campo, com os mais variados projécteis de que também não escapavam, à mistura, os adeptos das equipas ganhadoras. Eram atitudes lamentáveis, demonstrativas da nossa proverbial falta de educação ou civismo, mas não exclusivas das claques portuguesas, porque praticadas por adeptos de clubes de países que se dizem muito mais educados ou civilizados que o nosso, algumas vezes resultando até na perda de vidas humanas, como aconteceu já na Holanda, na Bélgica, na Alemanha, na Inglaterra e na Itália, para falar apenas da Europa, que doutros continentes nem vale a pena dizer nada.

Finalmente, algumas provas foram obtidas, as acusações foram deduzidas e as penas aplicadas. Vamos ver no que darão os recursos que a seguir, com toda a certeza, irão ser interpostos. Era bom que o tal sistema de má fama acabasse de vez.

De qualquer modo, para já, é triste verificar que alguns destes actos de compadrio passaram das meras suspeições clubistas de dirigentes ou adeptos a situações de culpa provada. O processo Apito Final ditou castigos para essas infracções, coisa que até aqui tinha sido pura miragem, em cem anos de futebol amador ou profissional, melhor ou pior jogado.

Desta vez foram clubes de uniformes às riscas, e aos quadradinhos, com os respectivos presidentes, os castigados em resultado delas, e suspensos da arbitragem os ases do apito coniventes, pois sempre que há um corruptor, é fatal e quase certo haver um corrompido. Raramente há um só corrupto.

Mas temos que aguardar ainda, para completar a faina, o resultado do processo Apito Dourado que corre nos tribunais…

Devia ficar por aqui. Mas estou a lembrar-me de que nem nestas porcarias desportivas conseguimos ser originais, pois outros países civilizados nos levaram a dianteira, como por exemplo a Itália; mas conseguimos, como estamos a constatar, infelizmente, ser discípulos atentos e eficazes.

O que, noutras coisas de muito maior impacto e utilidade para o País, nem por isso!

É o que temos.

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