«Cada português anda menos de um quilómetro a pé por dia. A distância percorrida por ano por cada um fica-se pelos
Tem toda a razão o articulista. E sobre isso, que dizem ou como procedem os portugueses? Apenas o seguinte:
Faz bem andar a pé, mas é mais cómodo andar de carro. Por isso, andamos de carro.
A gasolina está cara mas, paciência, corta-se na alimentação ou no vestuário, pois ainda é mais cómodo andar no seu carro particular que em transportes públicos.
Os comboios poupam energia e são menos poluentes, é certo, mas os carros levam-nos de porta a porta e poupam-nos a chatice de nos deslocarmos à estação. Viva o comodismo!
A Espanha fica a alguns quilómetros, mas dá mais gozo ir até lá meter gasolina que às bombas nacionais. O desgaste do carro é irrelevante.
O Protocolo de Quioto estabeleceu a baixa de CO2 nas emissões para a atmosfera, mas os portugueses acham que andar de carro vale mais, é muito melhor do que cumprir as legislações, nacionais ou internacionais.
Os carros, enfim, estão estacionados ao sair da porta, levam-nos às portas que pretendemos e, quando, no fim do mês, já não há dinheiro para gasolina, mete-se baixa, ou dá-se uma falta de artigo 4º.
Além de tudo, e para cúmulo, em Portugal, o uso do carro é ainda uma questão de status social, mais que uma necessidade de vida ou de trabalho.
Por essa Europa fora, existem duas alternativas ao uso do automóvel: os transportes públicos, geralmente eficientes, e a bicicleta. Em Portugal também existem, mas os portugueses passam a vida a queixar-se das deficiências desses transportes públicos e guardam as bicicletas para o lazer dos filhos, ao fim de semana, nas férias ou nos dias de verão. Algumas câmaras municipais ainda se aventuraram a colocar estacionamentos públicos para bicicletas…mas estão às moscas!
Os portugueses tomaram o gosto ao carro próprio. Ainda há poucas dezenas de anos, nem sabiam o que isso era, e limitavam-se a palmilhar quilómetros sem fim para ir à escola, ao emprego, ao médico, à tasca…
Agora deslocam-se de carro até à esquina mais próxima para tomar a bica ou comprar tabaco, por que não ao médico, à escola, ao emprego, ao centro comercial mais perto de casa, quer chova, quer faça sol?…
As cidades estão transformadas em parques de estacionamento gigantescos, grande parte deles pagos pelos utentes sem um queixume, os mesmos que discutem e reclamam contra tudo e contra todos, pelos motivos mais fúteis!
Só os mendigos, os parvos e uns quantos valentes gastam solas, neste país. Já nem há sapateiros, mas apenas os Bota-minuto, que também fazem chaves, consertam carteiras e vendem isqueiros…
E por último, alguns pseudo desportistas compram a passadeira da ordem no Decathlon para experimentar alguns minutos, arrumar no sótão e mostrar aos amigos curiosos que vão lá a casa, na festa de aniversário…
Nada do que eu escrevi é novidade para ninguém.
Quem disse que andar a pé, em Portugal, é fácil, é barato e dá milhões?
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