domingo, 15 de junho de 2008

A SEXTA-FEIRA, 13

O não da Irlanda e o Euro 2008

Está calor, não obstante o Verão ainda não ter chegado. Em Lisboa, dia de Santo António, foi feriado municipal e as gentes, aliviadas com o fim do bloqueio dos camionistas, aprestaram-se para passar umas horas de praia ou um fim de semana prolongado, após uns dias de trabalho e sobressalto causado pela falta de gasolina e pelas prateleiras meias vazias dos hipermercados.

Noutros países da Europa até houve chuva com inundações e só a Grécia teve calor a condizer connosco.

Tudo estaria numa boa, como dizem os brasileiros, mas alguém lembrara que era uma sexta-feira, dia 13. Alguns levaram isso a sério, outros não. O certo é que, mesmo não acreditando em bruxedos, muita gente os teme, intimamente...

Na Irlanda, metade dos 5 milhões de naturais que foram a votos não tiveram dúvidas em baldar-se à votação e a outra metade, dividiu-se quase ao meio, para chumbar o Tratado de Lisboa, assunto que parecia praticamente arrumado pela aprovação de três quartas partes dos outros 500 milhões de europeus, através dos respectivos parlamentos!

É o fim do Mundo, segundo parte da classe política, embora outra tente disfarçar!

O certo é que a Europa não consegue, à segunda e laboriosa tentativa, voltar a página. Que mais irá acontecer? Ninguém sabe ao certo.

Mas em Portugal, para as populações em geral, o mal não se afigura assim tão grave. A maioria nem se deu conta da votação dos irlandeses, nem quer saber do assunto para nada. As praias começam a estar já bastante emolduradas de clientes, com o mar manso e acolhedor, a brisa leve e refrescante, o sol sem a agressividade dos dias de Agosto.

Ao diabo o referendo irlandês. Ao diabo o tratado de Lisboa. Que é isso, afinal?

Na realidade, nem eu sei, apesar de estar para aqui a mandar bocas...

Melhor é passar adiante. Os políticos que se amanhem com o que cozinharam. É sua função prepararem, cozinharem as especialidades e apresentarem-nas ao pagode. O mal é que, às vezes, deixam esturrar os cozinhados e os defeitos de sabor são muito, muito difíceis de corrigir.

Há pouco recebi um mail com a sua piada. Basicamente referia que o portuguesinho em geral se queixava da carestia da vida, da falta e aumento de preço dos combustíveis, do desemprego e por aí fora...mas no fundo, bem no fundo, não podia passar sem o futebol e gritava patrioteiramente, em cada jogo, a cada golo, como se nenhuma dificuldade existisse:

Viva Portugal!

Viva o Euro 2008!

Afinal, pensando bem, que é que interessa a Irlanda ao Zé-Povinho? E para que é preciso o tratado de Nice, o tratado de Lisboa ou de outra parte qualquer? Sempre vivemos assim!...

São tudo coisas de políticos a que ninguém liga e de jornais que ninguém lê. Agora só interessa, de imediato, ganhar à Suíça. O resto que se lixe.

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