sexta-feira, 27 de junho de 2008

TRIBUNAIS EM POLVOROSA-III

Crónica da gritaria que por aí vai

Já previa, nos escritos anteriores, que tal viesse a acontecer.

Estava a linda Inês posta em sossego, quando o Sindicato de Juízes da altura resolveu intervir, junto de D. Afonso IV, em defesa da pátria supostamente posta em perigo. E assim, invocando a protecção do reino contra a potência estrangeira encapotada em amores pecaminosos do príncipe D. Pedro, a bela princesa foi condenada à morte, sepultada...e mais tarde, Mísera e Mesquinha, com auxílio a novos juízes, feita Rainha! A Justiça (ou a falta dela) a condenou à morte e depois a ressuscitou em grande, sempre na subserviência do poder político da altura!

Parece, pois que alguns juízes foram premiados e, logo a seguir, condenados à morte, após a reviravolta do poder em exercício...

Cruzes canhoto!

Honra seja feita à independência da nossa Justiça e aos políticos da actualidade.

Agora o perigo não é a invasão da pátria. É a psicose do medo, a instalar-se.

De repente, saídos do nada, foram descobertos muitos e variados casos, pouco menos que desconhecidos do grande público, de ataques a juízes e a instalações, afirmando-se que há também numerosas situações de risco no funcionamento dos Tribunais, por esse país fora, verificando-se, por exemplo, a falta de policiamento, a deficiência de instalações que são provisórias, em muitos casos, a ausência total de regras de segurança, de celas para os acusados em julgamento, de inspecção de objectos metálicos e de armas à entrada dos tribunais, de um simples porteiro e tudo o mais que, a partir daqui, possa imaginar-se.

E assim passamos, como de costume, de oito para oitenta!

Segundo o Sindicato de Juízes, com excepção dos próprios que são extraordinários de competência e eficácia, tudo na Justiça, é mau, é péssimo, e a culpa está nas instalações e na deficiência dos meios disponibilizados pelo poder político.

Ora isso, por incrível que pareça, não é novidade nenhuma.

Que há, neste país de desgraças, que não seja culpa do governo, das autoridades políticas em serviço?

Mas uma coisa continua a ser verdadeira: o ladrão é que faz a ocasião e não o contrário, como alguns querem fazer crer. A falta de condições e de meios não são as causas da violência e dos ataques à integridade física de quem quer que seja, muito menos dos senhores juízes, aliás muito mais protegidos pela lei e pela polícia do que o comum dos cidadãos. A melhor protecção nunca será infalível.

E seria bom pensarmos todos, em vez de andarmos por aí a tentar encontrar bodes expiatórios para tudo o que não nos agrada, que a manta de retalhos que nos cobre não poderá nunca ser puxada em excesso para o que nos convém, sob pena de deixarmos a descoberto o que convém ao vizinho do lado.

O bom senso nunca será demais, mesmo no que toca à Justiça.

Parece que esta e alguns outros sectores da sociedade acordaram finalmente de longa modorra rotineira e, mesmo assim, apesar de apenas alguns dias decorridos, há já demasiada gritaria, neste momento, a impedir um julgamento sereno das circunstâncias. Seremos acaso, um país de surdos? É que, geralmente, quanto mais se grita, menos razão se tem!

E também é conveniente recordarmos todos que, muitas vezes, pequenas e oportunas medidas, ao nosso alcance, resolvem grandes problemas.

TRIBUNAL EM POLVOROSA-II

Da sala dos bombeiros ao palácio monumental

Menos de vinte e quatro horas passadas sobre o triste caso do Tribunal de Santa Maria da Feira, instalado numa modesta sala da honrada sede dos Bombeiros Voluntários locais, eis que o palco da violência se transfere para um Palácio da Justiça, mais a Norte.

«Em Vila Real, em plena sala de audiências, voltaram ontem a viver-se momentos de pânico. Uma magistrada do Ministério Público foi insultada em pleno julgamento. "Sua p..., sua v... do c..., se te apanho ensacho-te ao meio", gritou o arguido, que respondia por ameaças e injúrias, quando foi interpelado pela procuradora.»

A polícia interveio, desta vez a tempo, na defesa dos magistrados, sofrendo ela própria algumas das agressões que lhes seriam dirigidas.

Novamente, contra tudo o que vem sendo atirado para a Comunicação Social, ficou provado que a violência nos tribunais não depende da bondade dos edifícios, mas apenas das gentes envolvidas.

A Justiça pode ser boa e eficiente, até num palheiro, embora um palácio de Justiça com ar condicionado ajude bastante!!! O que não é admissível são as cenas de Ferreira Torres, de Santa Maria da Feira, Vila Real e outras semelhantes que pouco abonam quanto ao civismo dos portugueses e à responsabilidade dos que têm obrigação de aplicar a Justiça correctamente, ou dos que devem protegê-la dos vândalos que andam por aí. E isto, claro, com mais ou menos condições, com mais ou menos meios, que o país sempre foi parco deles desde a fundação da nacionalidade, sobrevivendo pelos séculos fora a todos os contratempos. Coragem e responsabilidade nas horas críticas sempre foram o nosso forte, a contrapor à nossa endémica falta de civismo e de profissionalismo.

A verdade é que os maus exemplos se propagam como rastilho de pólvora, e oxalá não tenhamos, nos tempos mais próximos, o insulto e o ataque aos magistrados em funções como última moda, de design bem apurado, candidata a exercício jornalístico com prémio, apresentada ao público nos ecrãs televisivos durante minutos sem fim, em horário nobre. Mas a liberdade de expressão é isto mesmo, e cada um que se amanhe!

Daí lavo as minhas mãos.

Como não sou autoridade, nem juiz, nem jornalista, mas apenas leitor mais ou menos atento, entretenho-me com a leitura destas e doutras notícias aberrantes, mesmo a contra gosto, quer queira, quer não.

Assim sendo, cá fico à espera, comodamente sentado, de ser informado de novos actos de violência, verbal ou física, que continuarão a aparecer por aí, nos tribunais, tanto faz que eles funcionem em belos Palácios de Justiça, como nas salas dos Bombeiros Voluntários ou no palheiro do Ti-Manel de Alguidares de Baixo (se os senhores juízes caírem nessa), sob a égide deste governo, ou de outro qualquer.

Até que acabe a irresponsabilidade de uns tantos e a falta de civismo da maioria.

Ou até que Deus queira!

TRIBUNAL EM POLVOROSA

Falta de protecção imperdoável

Casos de pancadaria em tribunal não são caso único, nem recente, como parece depreender-se das notícias hoje veiculadas pela Comunicação Social. Mesmo casos de agressões a juízes não são apenas de agora, nem fruto da época de depravação de costumes, como vai sendo hábito apelidar a actual, pelos guardas da moral pública.

Ainda era jovem, recordo perfeitamente que, numa povoação da Beira Alta cujo nome não vou dizer aqui, os viajantes da linha de caminho de ferro que passava na estação local tinham por hábito gritar a plenos pulmões, logo que o comboio se punha em andamento:

-Mataste o juiz!

Não era preciso repetir o grito, porque os aldeões presentes no cais corriam, de varapau erguido, na direcção da janela donde havia partido a invectiva, decididos a rachar a cabeça ao atrevido já protegido pela distância, cada vez maior...

A questão remontava a uns largos anos atrás, em que um juiz tinha sido morto por vingança, depois de haver proferido uma sentença condenatória que não fora do agrado da população local.

Longe de nós, nos dias de hoje, a existência de situações semelhantes, ou a antiga e muito usual coação sobre os juízes.

Outra coisa é, no entanto, a devida protecção da autoridade e da independência dos juízes, sem o que a Justiça não poderá existir, tal como a conhecemos, actualmente.

As notícias veiculadas sobre este triste caso do Tribunal de Santa Maria da Feira, com sessão atribulada após a leitura da sentença, podem, contudo, deixar-nos perplexos. Devido a condições deficientes do edifício do tribunal, ameaçando derrocada, foi o exercício legal transferido, provisoriamente, para o Salão dos Bombeiros Voluntários locais, até à conclusão das obras em curso.

Após a leitura da sentença, dois juízes foram agredidos sem cerimónia pelos condenados, ao que parece com ajuda de familiares presentes.

O acto em si é reprovável, sem qualquer desculpa.

Já as justificações apresentadas pelos diversos intervenientes têm o seu quê de caricato. O vice Procurador da República, como Mr. De la Palisse, disse à imprensa que «alguma coisa falhou», «num local que deveria estar protegido», que não há «protecções infalíveis», etc...

O secretário de estado da Justiça lamenta o «incidente grave ocorrido», mas que «não teve nada a ver com as condições do tribunal», etc...

Já «o juiz presidente A. C., um dos magistrados agredidos durante a leitura da sentença dos 18 arguidos no Tribunal de Santa Maria da Feira, reconheceu esta quinta-feira que a falta de condições da sala onde decorria o julgamento foi o principal motivo da agressão»...

«Segundo o juiz E.L. , coordenador do grupo de trabalho em representação do Conselho Superior da Magistratura, as instalações provisórias no quartel dos bombeiros têm "poucas condições de segurança” e chegam a registar “temperaturas de quase 40 graus"»...

Enfim, cada cabeça, sua sentença! Até parece que não estamos em presença de um Tribunal, onde estava previsto haver uma só. O que demonstra que a verdade, mesmo para os executores da Justiça como para o cidadão comum, pode ter vários matizes...ou até não ser verdadeira!

Por exemplo, a afirmação de que a culpa é das instalações ou da temperatura, deixa muito a desejar, pois coloca a Justiça na dependência do calor, do frio ou da chuva. O mesmo é dizer que não há Justiça a 40 graus, ou a dois negativos, ou até se chover um pouco mais que o costume...

Percebo, no entanto, que os queixosos ou declarantes queriam dizer apenas que a culpa era das condições, dos meios, ou melhor, da falta deles e de quem teria obrigação de fornecê-los na proporção devida, mas embrulharam-se nas conjecturas, como qualquer mortal, talvez para não parecerem tão cáusticos.

Verdade, verdadinha, o que sucedeu, muito simplesmente e com um pouco de bom senso, foi ter-se subestimado, dentro da sala de audiências, a vigilância aos arguidos ou condenados, incorrendo numa falta de protecção obrigatória, necessária, imperdoável à barra do tribunal. Mas a culpa morre sempre solteira, o povo bem sabe. E, entretanto, durante quinze dias, todo o mundo barafustará contra tudo e contra todos, a imprensa cumprirá a sua obrigação e acirrará os ânimos, nos intervalos.

Portanto, fazendo jus à antiga e rotineira burocracia portuguesa, depois de culpar o abstracto, só faltará o tradicional inquérito, porque ninguém assumirá culpa nenhuma fora do tribunal, e muito menos dentro dele, como se vê. E, se houver inquérito, dará em águas de bacalhau.

Para evitar chatices, o melhor será, como sempre, remeter a culpas para o D. Afonso Henriques que, segundo reza a História, foi perjuro, bateu na Mãe, mas fundou a Nação lutando contra mil e uma dificuldades, e não consta que se tenha queixado do clima, nem da falta de meios, mesmo na batalha de Ourique!

Quem terá dito já que o melhor é esquecer?

Até à próxima!

José Luís

quarta-feira, 25 de junho de 2008

VALE OU NÃO VALE ?

Não sei se vale a pena acreditar...

O assunto do dia, na imprensa portuguesa é o caso Vale e Azevedo. Há algum tempo, parecia esquecido, mas bastou um lamiré de um jornal diário, para reavivar o tema. E, como todas as coisas pouco ou nada dignificantes, dá que falar a meio mundo.

Fosse esta situação de grande interesse social, científico, humano, até político, fosse um facto positivo, fosse um grande exemplo a reter, e duas linhas bem escondidas bastariam para levar a notícia às gentes desinteressadas. Mas este caso é bem diferente!

Por isso, por se tratar do três em um, isto é, de um mau exemplo, dado por alguém de certa posição social, e da forma algo desajeitada da actuação da Justiça portuguesa, mereceu grandes reportagens da imprensa em todos os jornais, incluindo os desportivos, e até uma entrevista televisiva.

Algumas ilações a tirar deste triste caso poderão tornar-se simples caricaturas da vida sóbria e legal que a maioria dos cidadãos ainda vivem.

Por isso pergunto se vale ou não a pena estar para aqui a escrever larachas sobre um assunto mais que debatido, escalpelizado, caricaturado, e pelos maus motivos...

Vale ou não vale a pena acreditar que estas coisas poderão ter conserto? A canção de Luís Góis, diz que sim, que é preciso, mas eu não estou tão seguro. As mentalidades não se mudam de um dia para o outro. A Justiça, portanto, como instituição humana, está na dependência das mentalidades, e é muito mais morosa na melhoria das suas eventuais actuações e sentenças, que os próprios cidadãos.

Estou para aqui a falar de um caso de Justiça, mas a verdade é que não sei nada de Justiça, nem do que se passa, relativamente a este caso, a não ser o que a imprensa descreve. Mas, com o arrastar destes processos e com desenlaces imprevistos para o cidadão comum, começo a acreditar, sim, que alguém poderá sair magoado, aos olhos da opinião pública.

Acredito, e não há razões para não ser assim, que as sentenças dos tribunais foram justas.

Mas Vale e Azevedo foi advogado de topo durante muitos anos, conhece bem os meandros da Justiça Portuguesa, nas suas forças e nas suas fraquezas. Não me admiraria nada que conseguisse explorá-las em seu proveito. Fico apreensivo com a tranquilidade por ele manifestada nas suas entrevistas à Comunicação Social, o seu ar de confiança, superioridade, desafio mesmo, perante a Justiça. Mas apenas isso.

No entanto, alguns comentários se ouvem já por aí, do povo bom, humilde e iletrado, mas intuitivo, que não são nada favoráveis ao nosso sistema judicial.

Há que esperar para ver, dirão alguns mais conhecedores dos meandros e das burocracias da lei! Mas a quem beneficia a demora, ou quem ficará prejudicado com ela?

Os ingleses não, certamente, em qualquer dos casos.

domingo, 22 de junho de 2008

FUTEBOL, MAIS UMA VEZ

Portugueses, holandeses, franceses e às vezes...

O Futebol tem coisas curiosas.

Há poucos dias éramos os maiores, com o melhor treinador, os melhores jogadores e o melhor jogo que alguém tinha visto a uma selecção, no Euro 2008.

Uns dias depois, passámos ao grupo dos piores, em tudo! E houve até quem tivesse chorado...

Alguns (muito raros) comentadores bem tentaram reduzir as coisas à sua devida proporção, mas com parcos resultados.

Afinal, o curso do Euro só veio demonstrar, mais uma vez, que o Futebol é um jogo apaixonante (e movimentando também grandes interesses), mas nada mais que isso, um jogo!

Já uma das grandes potências como a Inglaterra, ex-campeã do mundo, inventora e pátria do futebol, tinha ficado de fora da competição. Depois, na fase de grupos, ficaram pelo caminho a França, vice campeã do mundo e a Grécia, campeã da Europa. E nos oitavos de final, além de Portugal, caíram a fenomenal Holanda, a revelação Croácia e a campeã do mundo, Itália!

Ora, com notícias como estas, fazendo jus ao ditado popular que faz lei, em Portugal «o mal dos outros conforto é», os portugueses começam a emergir da sua profunda e tradicional tristeza sem meio termo, quando algo lhes corre mal ou não corresponde às suas expectativas.

E ainda bem que assim é, pois «do mal o menos»!

Pior seria ver a rapaziada sempre macambúzia, provavelmente não só pela eliminação da nossa selecção, mas ainda mais pelos bons resultados dos nossos maiores competidores! Afinal também eles foram postos fora da carroça, e não podem já rir-se de nós...

O problema ficou portanto, por agora, quase resolvido! Digo quase, porque a Espanha, nossa vizinha, amiga e rival de todos os dias, ainda segue em frente, para desgraça de muitos despeitados.

Que raio de país este!

sábado, 21 de junho de 2008

FUTEBOL, QUE ALTERNATIVA?

Efeitos tradicionais de uma derrota

Portugal perdeu com a Alemanha, em Futebol. Anda por aí uma tristeza enorme, a contrastar com a onda de euforia que invadia tudo e todos, ainda há bem poucos dias em que até os mais cépticos rejubilavam com as vitórias da selecção.

Portugal era invencível, tinha os melhores jogadores do mundo, o melhor seleccionador, a melhor claque...e nem o aviso da derrota frente à Suíça conseguiu afastar os macaquinhos do sótão da cabeça dos portugueses. Com uma ou outra excepção, até os comentaristas desportivos teciam elogios aos bravos rapazes que dignificavam o país além fronteiras, e estimulavam o orgulho da raia miúda, desde as minúsculas aldeolas do interior até às maiores metrópoles do litoral...

Durante cerca de quinze dias, todas as mazelas que enchiam a cabeça da rapaziada tinham sido esquecidas, desde a subida de preço da gasolina com os bloqueios inerentes, à escassez e carestia de certos alimentos e ao desemprego que não há meio de descer...

Agora, depois da derrota frente à Alemanha que os comentaristas logo se apressaram a reclamar como prevista e sobejamente avisada, encontrados imediatamente os culpados do falhanço, num erro da arbitragem, na ineficácia do Ronaldo, no descuido do Ricardo, na permissividade do Paulo Ferreira ante o marcador alemão de serviço, na falha do Moutinho a não marcar um golo feito, na falta de visão e incompetência do seleccionador... o país mergulhou logo no derrotismo tradicional, passando os responsáveis, no prazo de algumas horas, de bestiais a bestas!

A verdade pura e simples é que os alemães haviam ganho um jogo decisivo e os portugueses, como prémio de consolação habitual, tinham ganho moralmente, e conhecimentos...talvez para enfrentar a próxima, não sabemos se vitória (pouco provável), ou derrota.

Gostaria de saber porque é que o Futebol é, para a maioria dos portugueses, como um jogo de morte, em vez de um mero divertimento.

Mas talvez não seja difícil imaginar uma razão plausível: a falta de outros motivos de alegria capazes de animar, ainda que por curtos períodos, um povo humilde, sofredor, choramingas do fado, há séculos habituado a levar porrada e a não conseguir de livrar-se dela, levantar a cabeça, saber mostrar-se ao nível dos outros...que não são melhores nem piores que ele.

Não sou um grande adepto do futebol, mas algumas lições consegui retirar, nestes últimos cinco anos de futebolite nacional mantida em certo nível.

Em primeiro lugar, o ego da população foi levantado das profundezas, por umas tantas vitórias alcançadas pela equipa que conseguiu chegar a vice-campeã da Europa e manter-se num lugar de mérito entre as selecções congéneres, com jogadores de excepção a serem requisitados pelas maiores equipas europeias.

Em segundo lugar, foi possível, pela contratação de um carismático treinador estrangeiro, ainda por cima brasileiro, mandar às urtigas as consabidas e tradicionais influências e invejas internas entre os treinadores nacionais, os clubes, os jornalistas, todo um mundo de comentaristas e treinadores de bancada responsáveis de uma certa rebaldaria constante em que o nosso futebol sempre viveu, a nível de selecção.

É tudo.

Agora, o seleccionador Scolari que uma simples derrota atirou dos píncaros para o poço mais fundo, já está a ser denegrido pelos videntes à posteriori do costume, embora entretanto tivesse sido contratado pelo Chelsea, por uma verdadeira fortuna. Começa a ser considerado ainda, por outros, como um ingrato para com o país que tão bem o tratou e acarinhou, durante o tempo em que esteve ao comando...Além de humildes, sofredores, macambúzios, somos ainda provincianos de gema!

As bandeiras de Portugal, colocadas com falso orgulho nas sacadas, desde os lugarejos mais recônditos às maiores cidades (ideia incentivada, inteligente e contraditoriamente pelo seleccionador brasileiro!) deixaram de ondular ao vento, embora permaneçam coladas, murchas, condenadas a desbotar lentamente, a apodrecer às intempéries, como lembrança de um sonho lindo que não chegou a ser realizado.

Como de costume.

E assim, também como habitualmente acontece com coisas mais sérias, mais uma vez permanecemos remoendo, remoendo eternamente nesta «apagada e vil tristeza» tão bem descrita pelo poeta há mais de quatrocentos anos...e de cujas amarras nem o futebol conseguiu soltar-nos!

E alternativas?

Talvez uma boa sardinhada afogada em tintol, ou um jogo da bisca, a feijões...

As marchas do Santo António na Capital do País já lá vão, mas aproxima-se o feriado do São João, na Capital do Norte onde as gentes já começam a preparar-se para a tradicional pilhéria dos martelinhos, aromatizada pelos manjericos da ordem e complementada pelo imprescindível alho porro.

Viva Portugal!

quarta-feira, 18 de junho de 2008

FUGITIVOS TRANQUILOS

Nas barbas da polícia e dos tribunais

Há poucos anos, um senhor bem conhecido, ex-secretário de outro ainda mais conhecido, apareceu por aí, nos ecrãs da TV, vangloriando-se de que, apesar de estar incriminado em várias situações escabrosas, com processos à perna, nunca tinha sido julgado, por ausência de notificação, não obstante residir no Algarve e trabalhar normalmente como agente comercial, etc.

Também há relativamente pouco tempo foi tornado público o caso de um senhor deputado com dezenas de multas de viação e infracções graves acumuladas em vários anos e nunca pagas, muito menos castigadas. Apesar de ter vários julgamentos agendados, não ligava nenhuma, nem sequer se sentia na ilegalidade, porque não tinha sido possível notificá-lo. Nunca o carteiro nem a polícia o encontravam na residência oficial declarada!

Hoje, uma notícia do C.M. dava conta de que a PJ havia detido em Montemor-o-Velho uma mulher, natural de Aveiro, que andava evadida da prisão há quinze anos, onde cumpria pena por tráfico de estupefacientes. A cadastrada, depois da evasão, até teve quatro filhos que foram registados em seu nome, etc., etc.

Como se já não bastassem os casos caricatos que as nossas instituições nos proporcionam, de vez em quando, sempre baseadas no rigor dos regulamentos e dos códigos miudinhos que as regem, aparecem, com alguma frequência, casos anedóticos como estes a obrigar-nos a rir, à socapa, e a pensar, quanto mais não seja, que estamos no país de faz-de-conta...

Parece que, ao menos por enquanto, só a ASAE corta a direito e faz cumprir a lei, para desespero dos cidadãos desde cedo habituados às infracções sem castigo. E agora são coitadinhos...

Quem haverá, pois, que com um pouco de senso comum, não se sinta triste com estas palhaçadas e contradições que ocorrem no Portugal da gente talvez pouco instruída, mas boa, humilde, prestável, pacífica, acolhedora?

Restar-lhes-á apenas o consolo do mal dos outros?

Há países muito mais avançados do que nós, financeira e tecnologicamente falando, e onde assistimos a coisas bem piores. E não se trata de anedotas!

Mesmo assim, eu não me sinto feliz.

segunda-feira, 16 de junho de 2008

O BLOQUEIO, O CÓDIGO E OUTRAS COISAS

Camionistas, peregrinos e futebol

Hoje chegou às minhas mãos o artigo de um conceituado professor de Direito Penal, explicando por A+B que «bloqueios de estradas são crimes contra a segurança das comunicações, puníveis com prisão de 1 a 5 anos. As penas serão de 2 a 8 anos, quando se crie perigo para pessoas e bens.» «O Código Penal prevê ainda o lançamento de projéctil contra veículo em movimento, que é punível com prisão até um ano, se outra pena mais grave não se aplicar em função da intenção ou das consequências. Uma pedra, por exemplo, considera-se um projéctil para tal efeito.» Etc.

Fiquei convencido com a argumentação apresentada pelo senhor especialista. Só não compreendi porque é que o Código Penal nem sempre foi, ou nem sempre é cumprido como determina a Constituição da República. Será porque acabaram as denúncias em papel selado e as autoridades policiais fecham os olhos à investigação? Será porque o M. P. não quer acusar a partir das imagens televisivas? Ou será porque os senhores juízes estão de férias ou afogados em papelada? Será que, apesar da tão propalada independência da Justiça, estará ela à espera de alguma ordem do governo? Ou será que o Código Penal é apenas mais um livro para estudar e fazer currículo?

Algo me escapa, na minha enorme ignorância. Já pensei que, desta vez, terá pesado na opção do não cumprimento o facto de se tratar de camionistas empresários, donos profissionais permanentes das estadas do país (alcatrão e bermas), e não apenas, no dia 13 de Junho e adjacentes. Ali são eles quem manda durante todo o ano. Deu para ver, nesta ameaça de três ou quatro dias, que têm muito peso e podem até fechar a Nação, não apenas a Auto Palmela e os hipermercados.

Ora isso não acontece com os peregrinos de Fátima que não são donos de coisa nenhuma, a não ser da sua fé, caminham rezando pelas bermas de todas as estradas do País nas vésperas do 13 de Maio e do 13 de Outubro, mas sem entupir o alcatrão, sem fazer bloqueios nem impedir os outros cidadãos de passar, de carro ou a pé. Mesmo assim, de quando em vez, lá são atropelados alguns, sem culpa nenhuma, por entre pai- nossos e ave-marias. Irão para o Céu, com toda a certeza, o que não acontecerá com os camionistas que causam o Inferno na Terra.

Verdade seja dita que os peregrinos não estão, nessas alturas, directamente dependentes do gasóleo, mas apenas da água que os vai refrescando ao longo do caminho. Já no regresso da peregrinação a coisa é diferente. E a partir de agora, cada vez se tornará mais caro ir a Fátima., com o petróleo sempre a subir de preço, mesmo para quem vai a pé e descalço. É que a subida do preço do petróleo faz aumentar também o preço de tudo o resto, sem fazer qualquer distinção entre camionistas ou peregrinos, tanto faz que os primeiros protestem por aí, a 13 de Junho, e os segundos rezem por acolá, a 13 de Maio ou a 13 de Outubro.

Acho que o governo agiu sensatamente, dialogando com os camionistas, em vez de entrar a matar, como pretendiam, por motivos diversos, os politiqueiros radicais do nosso espectro político. A trolha dá sempre mau resultado e, mesmo quando necessária e legal, deve ser utilizada com conta, peso e medida. Mas por pouco não assistimos às cargas policiais que alguns, comodamente sentados no sofá, já pediam ardentemente, enquanto desfiavam as contas do terço ou viam as últimas cenas das telenovelas dos nossos canais de imitação. Trata-se de espectáculos sempre dignos de ver na TV, com boa imagem e a salvo dos jactos de água, dos gases lacrimogéneos e das bordoadas de circunstância.

Portugal perdeu entretanto com a Suíça, por causa do árbitro ou da grande «vaca» dos helvéticos e agora dizem para aí alguns, a contra gosto, que o jogo era a feijões. De qualquer forma, o Zé-Povinho ficou mais amargurado com esta derrota que com o bloqueio dos camionistas e não tenho dúvida nenhuma de que iria em peregrinação a Fátima, mesmo a pé, se houvesse a garantia de que a equipa viesse a ganhar o Euro 2008 ou mesmo apenas passasse os quartos de final.

A ser assim, ficariam até esquecidos, estou seguro, todos os contratempos da vida, aumento de preço do petróleo incluído.

Mas se Portugal perder a partida dos quartos de final, Deus nos acuda! Os jogadores e o seleccionador passarão, num ápice, de bestiais a bestas. Os camionistas afogarão as suas mágoas nas tascas da berma das estradas, estorvando quem circula, os peregrinos terão que aumentar a sua penitência, até em Outubro...e não haverá Código Penal que nos valha. Assim como assim, pelo que se viu, já não vale de muito. Só é aplicado às segundas, quartas e sextas...fora das estradas e quando não chove.

«Chacun se governement». Para onde caminha o nosso Estado de Direito? Eu não sei, pá! E o Governo que se ponha a pau, que o Euro 2008 vai acabar e o preço do petróleo não para de subir...

domingo, 15 de junho de 2008

A SEXTA-FEIRA, 13

O não da Irlanda e o Euro 2008

Está calor, não obstante o Verão ainda não ter chegado. Em Lisboa, dia de Santo António, foi feriado municipal e as gentes, aliviadas com o fim do bloqueio dos camionistas, aprestaram-se para passar umas horas de praia ou um fim de semana prolongado, após uns dias de trabalho e sobressalto causado pela falta de gasolina e pelas prateleiras meias vazias dos hipermercados.

Noutros países da Europa até houve chuva com inundações e só a Grécia teve calor a condizer connosco.

Tudo estaria numa boa, como dizem os brasileiros, mas alguém lembrara que era uma sexta-feira, dia 13. Alguns levaram isso a sério, outros não. O certo é que, mesmo não acreditando em bruxedos, muita gente os teme, intimamente...

Na Irlanda, metade dos 5 milhões de naturais que foram a votos não tiveram dúvidas em baldar-se à votação e a outra metade, dividiu-se quase ao meio, para chumbar o Tratado de Lisboa, assunto que parecia praticamente arrumado pela aprovação de três quartas partes dos outros 500 milhões de europeus, através dos respectivos parlamentos!

É o fim do Mundo, segundo parte da classe política, embora outra tente disfarçar!

O certo é que a Europa não consegue, à segunda e laboriosa tentativa, voltar a página. Que mais irá acontecer? Ninguém sabe ao certo.

Mas em Portugal, para as populações em geral, o mal não se afigura assim tão grave. A maioria nem se deu conta da votação dos irlandeses, nem quer saber do assunto para nada. As praias começam a estar já bastante emolduradas de clientes, com o mar manso e acolhedor, a brisa leve e refrescante, o sol sem a agressividade dos dias de Agosto.

Ao diabo o referendo irlandês. Ao diabo o tratado de Lisboa. Que é isso, afinal?

Na realidade, nem eu sei, apesar de estar para aqui a mandar bocas...

Melhor é passar adiante. Os políticos que se amanhem com o que cozinharam. É sua função prepararem, cozinharem as especialidades e apresentarem-nas ao pagode. O mal é que, às vezes, deixam esturrar os cozinhados e os defeitos de sabor são muito, muito difíceis de corrigir.

Há pouco recebi um mail com a sua piada. Basicamente referia que o portuguesinho em geral se queixava da carestia da vida, da falta e aumento de preço dos combustíveis, do desemprego e por aí fora...mas no fundo, bem no fundo, não podia passar sem o futebol e gritava patrioteiramente, em cada jogo, a cada golo, como se nenhuma dificuldade existisse:

Viva Portugal!

Viva o Euro 2008!

Afinal, pensando bem, que é que interessa a Irlanda ao Zé-Povinho? E para que é preciso o tratado de Nice, o tratado de Lisboa ou de outra parte qualquer? Sempre vivemos assim!...

São tudo coisas de políticos a que ninguém liga e de jornais que ninguém lê. Agora só interessa, de imediato, ganhar à Suíça. O resto que se lixe.

sexta-feira, 13 de junho de 2008

BÚFALOS E TELEMÓVEIS

Crónica dos dias que passam

Parece mal escrever sobre a crise petrolífera, tanto já foi dito e escrito, nestes últimos dois meses. Não devia, portanto, escrever mais sobre isso, a não ser que viesse por tabela, a propósito de outro assunto.

Ora foi precisamente o que aconteceu. Passando os olhos por um diário, dei de caras com uma notícia sensacional: «a subida imparável do preço do petróleo está a obrigar os agricultores tailandeses a substituírem a maquinaria por búfalos para poupar nos custos de produção. Chumpol Thitika, proprietário de seis búfalos-de-água que aluga aos agricultores, referiu que, não obstante estes animais serem mais lentos do que as máquinas, tem uma lista de espera de vários camponeses que pediram o seu recurso para trabalhar as terras.»

E aqui está como os agricultores tailandeses deram a volta à crise do petróleo, passando a usar, em vez da maquinaria a gasóleo, búfalos-de-água!

Mas trata-se da Tailândia, onde a coisa, como se vê, é levada muito a sério pelas gentes. Em Portugal, onde o desenrascanço é a ordem de serviço que os portugueses mais conhecem e põem em prática, a coisa resolve-se com muito mais facilidade. Basta mudar de telemóvel, atravancar as estradas de camiões e exigir subsídios...

Foi o que pude concluir de uma outra notícia do mesmo diário que, umas linhas abaixo, dizia simplesmente que «em Portugal foram vendidos 1,48 milhões de telemóveis no primeiro trimestre do ano, um aumento de 14,1% quando comparado com o mesmo período em 2007».

É obra! A vida está cara, a gasolina anda pela hora da morte, o preço da alimentação sobe todos os dias, o crédito mal parado é uma desgraça, cada vez há mais casas hipotecadas ao fisco, o desemprego não há meio de baixar, e a venda de telemóveis continua a subir, de forma imparável, especialmente dos modelos mais caros da Nokia e da Samsung, com espelho, MP3, máquina fotográfica digital de 3 ou 4 megapixeis, GPS, internet, etc...

Estou perplexo. Não sei, sinceramente, o que isto quer dizer, mas o mais certo é eu estar enganado nesta minha apreciação um tanto ou quanto moralista.

A malta deve ganhar bem, muito bem, mesmo. Eu é que devo ganhar muito pouco, já que não disponho de meios para passar do meu fraquinho e antiquado Alcatel que há três anos me custou 8 euros, mais 3 de um carregador para o isqueiro do carro, comprado no chinês da esquina.

A verdade é que também não tenho dinheiro, nem gasolina disponível, nem tempo, para ir passar dois ou três dias a entupir estradas, a chatear quem passa e a reclamar o meu subsidiozito.

Provavelmente o mal está aí...Eu e os outros como eu somos cidadãos honestos e cumpridores, envergonhados demais para reclamar o que quer que seja, com razão ou sem ela.

Mas já estou velho para telemóveis topo e gama ou para brincadeiras de mau gosto na via pública. Por outro lado, também não queria acabar os meus dias como os agricultores dos arrozais da Tailândia...

terça-feira, 10 de junho de 2008

CRISE, QUAL DELAS?

Crónica da crise que não tem fim

Desde a minha infância que ouço falar da crise que, para os pobres, era então uma só, a crise económica com mil matizes: a crise do açúcar, a crise da batata, a crise do arroz, a crise da agricultura em geral, a crise da adolescência, a crise da saúde, a crise do emprego, a crise dos combustíveis, esta bem repetida de há alguns anos a esta parte, etc. Podia ficar aqui a enumerar crises o ano inteiro. Outras crises além destas, e de que também fui testemunha, já não tiveram, aparentemente tanto impacto directo nas populações, embora no fundo viessem a ter reflexos muito mais profundos e duradoiros na sociedade, como a crise da religião, a crises da moral e dos bons costumes, as crises da educação, as crises políticas...

Não sei se estas, por exemplo, terão mais ou menos impacto, em Portugal, que a crise da batata «no tempo da outra senhora», planta destruída por um maldito escaravelho que roía integralmente as folhas tenras e que foi responsável pelo aumento da fome no país agrícola das décadas de 40 e 50, (alimentado maioritariamente a pão e batata) que obrigou o governo da época a importar o tubérculo e, depois, caros insecticidas para debelar o mal, ante a desconfiança genética dos agricultores, numa agricultura de subsistência sempre vilipendiada ou explorada durante séculos pelas autoridades ou pelos poderosos de serviço.

Acontecia então que os cultivadores de terrenos vizinhos, na agricultura de quintal da maior parte das regiões, nem sempre pulverizavam as plantas com os insecticidas, ou por falta de dinheiro, ou por falta de crença nos funcionários do grémio sempre olhados com desconfiança, e o insecto malvado saltava de propriedade em propriedade, para desespero dos donos, especialmente daqueles que tinham investido as suas economias no tratamento indicado para a cultura. Tardaram anos até que as gentes aprendessem, à custa de muitos prejuízos, que era mister pôr de parte o egoísmo reinante e se tornassem mais solidárias. Só mais tarde ainda é que aprenderam, a muito custo, que era preferível adquirir as batatas de semente inicialmente importadas, e mais caras, que continuar obstinadamente a utilizar as convencionais, agora sujeitas a uma série de pragas e de produtividade cada vez mais fraca...

Aposto em que muito poucos consumidores hoje fazem ideia da evolução da cultura deste tubérculo, comprado no supermercado sob as mais diversas designações, sob as mais diferentes formas e para os mais variados usos...É o contraste entre a época a que me reporto, em que 80% da população do país trabalhava ou dependia da agricultura, e os dias de hoje, em que escassos 20%, ou menos, tratam a terra, já não com a enxada a foice e a gadanha, mas com a moto cultivadora, a ceifeira-debulhadora e mil e um outros maquinismos movidos a gasolina ou diesel, quer dizer, a petróleo.

Antigamente, quando o lavrador dizia que não ganhava para o petróleo era porque estava mesmo no fundo, sem cheta para comprar um quarto de litro do dito para meter na lanterna que alumiava as longas e frias noites de Inverno.

Ora a crise do petróleo que hoje se vive, repetida de tempos a tempos, só os economistas saberão porquê (ou não!) é muito mais vasta que a crise da batata no Portugal de antanho, atinge quase toda a humanidade mas, como em todas as crises, há aspectos comuns, como o desespero das populações mais afectadas ou o gáudio e o lucro imoral dos fomentadores ou simples aproveitadores despudorados da situação.

À resignação inicial das gentes, seguem sempre os protestos exigindo auxílio e, muitas vezes, soluções irracionais. E esse desespero que sobrevem não permite pensar claro, como os agricultores que não pulverizavam as batateiras, nem, como eles, acreditar na bondade das duras ou custosas soluções que são natural ou friamente apontadas.

Quando os filhos esperam em casa pelo alimento cada vez mais caro e difícil de obter, tudo o resto passa a um segundo plano, mesmo que a análise racional dos economistas possa apontar para uma solução milagrosa tão ansiada. Quem, nestas circunstancias acredita em milagres?

Acabei de ler a profecia de um oráculo que vaticinava a subida do preço do petróleo constantemente até ao ano de 2011. Ninguém sabe o que entretanto poderá acontecer à Humanidade dele absolutamente dependente.

De momento, sabemos todos, sim, que a indignação a que temos direito poderá começar a obscurecer a visão dos caminhos que se lhe apresentam, na difícil encruzilhada de uma recuperação possível. E seguir pelas pistas erradas é não chegar à salvação desejada.

Por exemplo, dizem os sábios da matéria que, se enveredamos pelo caminho da espiral inflaccionária, ficaremos à beira do precipício, como na crise do petróleo dos anos 70, de má memória.

Por outro lado, até que ponto conseguiremos apertar o cinto, sem correr o risco de morrer à míngua?

Neste contexto, se alguém aparecer por aí a gritar, a plenos pulmões, que «há petróleo no Beato», isso não passará de uma comédia de muito mau gosto. E no entanto, já apareceu ao largo da Figueira da Foz, coisa que não deu para impressionar ninguém. Os combustíveis fósseis, infelizmente, não querem nada connosco.

E agora, com a batata, o cereal e o peixe, (a base da nossa antiga e saudável alimentação obtida ao pé da porta) a serem importados, na quase totalidade, que poderemos comer dentro em breve, se não produzirmos o suficiente para comprar o petróleo cada vez mais caro e de que dependemos para tudo?

Mas produzir o quê?

sábado, 7 de junho de 2008

SARDINHA ANALFABETA

Crónica de um fim anunciado

Quem não conhece o ditado popular, a mulher e a sardinha querem-se da mais pequenina? Sei não, como dizem os brasileiros! A verdade é que já ninguém sabe, nem quer saber dos ditados populares, para nada.

Isso da mulher e da sardinha pequeninas era dantes! Agora, a pesca da petinga, está proibida e só a grande, a gorda, a turística pode ser capturada! Nas tascas e restaurantes de terceira de muitas das nossas praias, durante o Verão, a sardinha gorducha ainda pinga na brasa, no pão ou no prato, tempera o ar marinho com o seu cheiro penetrante e faz correr água na boca de muito portuguesinho, acompanhada do tinto da casa e atestada com a velhinha bagaceira da ordem que no Algarve é a apreciada e já quase também proibida medronheira. Também os estrangeiros, turistas ou residentes que fazem uso das nossas praias, se metem na sardinha assada e se enfrascam nos vinhos engarrafados nacionais mais adequados. A sardinha, ao contrário do que diz o fado, já chegou à mesa do rei. Vende-se e é muito apreciada actualmente em restaurantes de primeira, em contextos determinados, com preços de primeira, claro. Nem outra coisa seria de esperar.

Ontem o D.N fazia notar, em artigo interessante, provavelmente motivado pela greve gasolineira dos pescadores, que o preço da sardinha aumenta dezassete vezes, da lota ao prato, o que é um verdadeiro escândalo.

Mas isso não se passa apenas com a sardinha. O DN dá exemplos ainda piores com outros peixes bem conhecidos dos portugueses de antanho, como por exemplo o robalo. Digo de antanho, porque os «peixívoros» de hoje já quase não sabem o que é um robalo de alto mar (caríssimo), mas apenas o de aquário, comprado no hipermercado apenas ao dobro do preço da sardinha!

A pouco e pouco, a própria sardinha, como o pão, antigamente o alimento dos pobres, vai passando à história, quer pela quantidade cada vez menor que é apanhada, quer pelo preço cada vez maior a que é vendida.

Estou convencido de que, quando o preço subir mais qualquer coisa, deixará de ser pescada, por falta de compradores e alguém se lembrará de fazer sardinhas a martelo, isto é, no aquário da esquina, alimentadas a ração com sabor a fruta...

Mas quem sabe se aqui, nos aquários, não estará a solução futura para os amadores de peixe em Portugal, ainda que tenham que alterar os seus gostos refinados?

Eu, se fosse pescador, há muito teria deixado a vida dura do oceano, trocando o bronzeado à força no mar alto pela tosta tranquila e sem riscos à beira dele e fazia, com os compinchas e os vendedores da lota, uma sociedade de criação de peixe em aquário, com as vantagens inerentes: menos trabalho, menos risco, menores contingências climáticas, maiores vendas, mais fácil distribuição aos consumidores, preços de venda mais baixos e maiores lucros de produção! Seria o não sei quantos em um! Seria a quadratura do círculo.

Claro que soluções destas toda a gente recomenda, em todo o mundo, quanto mais em Portugal, o país da Terra com mais treinadores de bancada por metro quadrado. Só os pescadores é que não querem saber nada disso. Gostam da tradição, gostam da vida do mar, gostam das dificuldades da vida, gostam das suas pequeninas traineiras balouçando inseguras nos mares bravios, gostam de consertar a redes nos dias de saída difícil, gostam de apanhar a sua piela, de vez em quando, sempre que a faina foi melhor ou escaparam de algum transe mais difícil...

Por outro lado, também temos que estar de acordo com a previsão de que a sardinha de aquário, se vier algum dia a ser cultivada e tal como o outro peixe, certamente não terá o sabor da natural, pescada com tantos sacrifícios e até com umas quantas mortes à mistura! Só por isso, pelo deleite dos consumidores e a teimosia ou vingança dos pescadores ante o mar violento e traiçoeiro que rouba tradicionalmente os seus familiares, a pesca continua nos mares portugueses, mesmo com risco de acabar com todas as espécies de uma vez, sardinha incluída!

Mas, de qualquer forma, o fim está à vista, num prazo que poderá não ser muito longo. E desta forma anacrónica se acabará também a peçonha das reclamações periódicas e chatas cada vez que sobe o preço do gasóleo.

Será mesmo um fim, sem retorno, mesmo que a CE se esfalfe por limitar ao mínimo as capturas, para preservar a espécie.

A menos que os filhos dos teimosos pescadores de hoje, em vez de emigrem para a Espanha ou para a Noruega, se tornem aquicultores de profissão. Isto, claro, se não se dedicarem de alma e coração a estudar qualquer curso de Direito ou Letras numa das tantas universidades que andam por aí à pesca de alunos para sobreviver...mesmo sem isca, sem cana, sem rede ou sem anzol.

Os portugueses alfabetizados de hoje bem sabem que já lá vai o tempo da sardinha analfabeta que se vendia a pataco e se deixava apanhar pertinho da praia, pelos barquinhos a remos esforçadamente manobrados por pescadores tradicionais que nem sabiam ler. Agora ela é mais rara, mais sabida, mudou-se para mais longe, e exige meios de captura de alta tecnologia que não estão ao alcance dos advogados nem dos letrados formados nas nossas melhores universidades.

E, como não estudamos Física e Matemática, nem mudamos de rumo, dentro em breve só nos restará importá-la, provavelmente congelada, para cozinhar, à falta de carvão, pimentos e batatas nacionais, nalgum sofisticado e importado microondas...

Deus me livre dessa!

sexta-feira, 6 de junho de 2008

É PRECISO TER OLHINHOS

Crónica dos pastéis de nata

Estava eu distraidamente a ler as últimas, quando uma delas me saltou à vista: «O súbito interesse nos pastéis de nata».

Como gosto muito deles, li a notícia, de uma tirada e fiquei de olhos esbugalhados!

Em 1988, um farmacêutico australiano, residente em Macau, conseguiu, insistindo aqui e ali, umas dicas sobre a confecção dos inigualáveis pastéis de nata que provara numa pastelaria mexeruca da Ilha de Coloane. Fez algumas tentativas de fabrico e elaborou uns aldrabados e aproximados pastéis a que pôs o nome de Portuguese Egg Tarts ou, em cantonês, Portuguese Dan Tat, começando logo a vendê-los a um pequeno balcão, mesmo sem mesas ao lado! O sucesso foi garantido e algum tempo depois abriu uma filial, também insignificante, em Hong Kong, onde os turistas, ao domingo faziam fila para comprar os ditos, embora não fossem bem os nossos, mas um tanto adaptados ao gosto asiático. Com o interesse manifestado, sempre crescente, dos clientes, em breve as tartes foram vendidas aos centos, aos milhares, e se tornaram obrigatórios no chá das cinco...até que, abreviando a história, uma conhecida cadeia americana de fast food, a Kentucky Fried Chieken comprou a patente ao australiano e espalhou o negócio por toda a China e a Formosa, onde o Taiwan Journal, em 9 de Novembro de 1998, noticiava já: “A febre dos Portuguese egg tarts varre a cidade de Taipei”, acrescentando existirem sinais de sucesso por todo o lado, como uma loja de computadores, por exemplo, enfeitada com uma vitrina das tartes portuguesas, etc., etc. No coração da China, recentemente, a jornalista autora da notícia viu uma pastelaria anunciando, em chinês e inglês: “Portuguese egg tarts, o gosto internacional é mundialmente famoso”. Em algumas lojas, são vendidas em embalagens cilíndricas de oito unidades, o número da sorte...

Sorte grande teve Mr. Andrews, o australiano que trabalhava no casino depois de falhar a abertura de uma farmácia em Macau...e não se arrependeu com a troca de modo de vida.

A grande lição a tirar desta história verdadeira é a enorme contradição existente entre o que somos e o que poderíamos ser, se mudássemos, um pouco que fosse, a nossa mentalidade pequenina, tão bem exemplificada na persistência nacional na defesa, só para nós, do nosso pequenino pastel artesanal para consumo interno no nosso pequenino meio, no nosso pequenino bairro, na nossa pequenina rua, na nossa pequenina roda familiar ou de conhecidos e amigos...no máximo com algumas modificações, chamadas falsificações locais, em pequenos círculos, embora em todo o país. Permanece, portanto, fechado a sete chaves, sem possibilidade de fuga nem que seja à pastelaria do lado ou ao bairro seguinte, de ser propagandeado, distribuído, vendido fora de portas, sem ser à socapa. O que acontece, de vez em quando, se um pasteleiro mais vivo fabrica uma imitaçãozinha nas zonas de maior emigração portuguesa.

É verdade que o nosso artesão foi dos melhores do mundo, enquanto analfabeto. Aprendeu a ler e a preservar a sua arte, está certo, mas isso não foi o suficiente para o que lhe exige o mundo de hoje. Falta-lhe mais conhecimentos, falta-lhe sair da sua roda limitada de amigos, falta-lhe imaginação e iniciativa.

E assim continuará até que um espertalhão qualquer ou uma grande cadeia de negócios espreita o furo e, sem contemplações, faz uma imitação grosseira da sua obra e realiza o seu grande negócio no mundo inteiro. Qualquer dia, não me admirava nada que a KFC ou a M D abrissem uma loja de Famous Portuguese Egg Tarts, com muita canela e tudo, mesmo ao lado dos autênticos Pastéis de Belém e então...

Exemplos como estes devem existir por aí, aos pontapés, extrapolando para empresas de muito maior dimensão e recursos que os pequeninos cafés e pastelarias que substituíram as tascas do nosso apertado e envergonhado tecido urbano. Todos, pequenos e grandes, ainda à espera da chegada do D. Sebastião, numa manhã de nevoeiro...

É que não basta só ser sócio da U. E. e receber subsídios.

É preciso ter olhinhos!

quarta-feira, 4 de junho de 2008

PETRÓLEO E CRISE-III

Economistas, arrivistas e outras pistas

Não sou economista, não percebo nada de Economia e muito menos de vigarices. Tenho os economistas em grande apreço porque sabem do seu ofício, fazem as suas licenciaturas, os seus mestrados, os seus doutoramentos como tantos outros profissionais dignos que há por aí, e têm também, como eles, os seus problemas, as suas dúvidas legítimas.

No entanto, e à semelhança de alguns encartados de outras profissões, os economistas, enfronhados na teia da situação económica actual e atraídos embora pela força que ela exerce sobre as sociedades modernas, acabam dominados pelo poder e fascínio a que a Comunicação Social submete os cidadãos, deixam-se arrastar por ela, infantilmente, como crianças perdidas por caramelos...

Antigamente dava-se um passeio à vizinha Espanha com as crianças, porque os caramelos eram lá mais baratos e a pequenada ficava contente. Acontecia que quase sempre se trazia mais dois ou três pacotes para consumo à distância, ou para oferta aos sobrinhos...Mas agora, os caramelos já não entusiasmam tanto a pequenada e quem vai a Espanha procura atestar o depósito de gasolina, antes do regresso, mesmo sabendo que, por vezes, é da mesma que a refinaria da Petrogal produz e vende também a «nuestros hermanos». O que interessa ao pagode é que os espanhóis vendem o artigo mais barato e o resto importa-lhe um pepino...

Nunca vi o tema dos caramelos bem explicado pelos economistas comentaristas de serviço nas diversas modalidades da imprensa. Era um tema de somenos importância. E agora, o tema do petróleo, vai pela mesma...embora a dimensão seja outra.

Neste caso, há conjecturas a mais sobre a existência de novas jazidas e o fim das actualmente exploradas, a evolução dos preços do petróleo, o seu peso nas diversas economias, no bem-estar social, em mil e uma coisas, mas o interessante é que, a propósito de qualquer delas é sempre possível ler, ver ou ouvir as mais diversas opiniões e as suas contrárias. Tudo fruto de apreciações de encartados economistas que, no mínimo dos mínimos, estarão mal informados...

Vejamos algumas notícias veiculadas pela imprensa, com base em informações de economistas, que nos podem deixar perplexos.

Por exemplo, o Governo estima o crescimento em 1,5%, a Oposição não dá mais que 1,2 e a OCDE oferece 1,6. O Governo diz que não se podem baixar impostos, a Oposição afirma que é obrigatório fazê-lo e a CE impede qualquer alteração. O Governo acha que o desemprego pode diminuir, a Oposição garante que vai aumentar e a OCDE que se manterá entre limites aproximados. O Governo estabelece a livre concorrência do preço de venda do petróleo, a Oposição deseja que se estabeleça um preço fixo e a CE diz que cada um que se amanhe... O Governo nega subsídios por dá cá aquela palha, a Oposição pede a entrega dos subsídios a todo o mundo, por todas as ninharias imaginárias e a CE cada vez mais restringe o acesso aos fundos comunitários...Quanto aos bens alimentares que sobem de preço, o Governo acalma os cidadãos, a Oposição açula-os contra o Governo, a UE acha excessivos ou até desnecessários os subsídios à Agricultura e às Pescas e vai acabando com eles. Relativamente ao desemprego, o Governo diz que há indícios de melhoria, a Oposição que continua em crescimento acelerado, a CE que irá melhorar só para o próximo ano. Sobre a inflação em geral, o governo diz que anda estabilizada perto de 2,5%, a oposição que está nos 3,5 e a EU que deverá ficar 5 pontos acima do valor actual...

E todos estes valores, todas estas conjecturas são fruto de contas e mais contas de economistas credenciados. Com bases de dados diferentes...ou apenas com objectivos diferentes?

Cada vez percebo menos de Economia, cada vez sou mais confrontado com o «Economês» que por aí anda. No tempo do tão odiado Salazar, por exemplo, toda a gente sabia o que significava apertar o cinto, porque os portugueses eram magrinhos com mais de um século de lutas civis, discussões sem fim e bombinhas que não eram de Carnaval. Lembro-me de que o Grande Chefe era professor de Economia, mas tratava de explicar aos cidadãos, na maioria analfabetos, que a nível nacional ela funcionava muito simplesmente como a economia caseira, isto é, não se podia gastar mais do que se ganhava, sob pena de deixar a família morrer à fome, ou na insolvência que dava prisão, pela certa! Naquele tempo não havia cheques, nem dinheiro plástico, nem internet, nem tantas outras facilidades a que a Economia actual nos habituou, muitas vezes transformadas, paralelamente, em vigarices sem nome, autênticos buracos onde muitos caem, apesar de agora já serem portugueses gordinhos, anafados por décadas de tranquilidade e subsídios...

Por isso, a escrita tão simples do Deve e do Haver se tornou agora num complicado puzzle, em português corrente (cada vez menos falado na linguagem técnica) enigma, adivinha, enredo, confusão, embaraço, charada, etc., etc. ... Por isso também os antigos guarda-livros desapareceram do mapa, e a Economia, mesmo a caseira, tornou-se uma incógnita, neste mundo das tais facilidades de toda a ordem. E, na realidade, não falemos de uma incógnita, mas de muitas incógnitas à espera de resolução de milhares de equações, com milhões de parâmetros que não nos permitem nunca saber nada de nada e apenas andar a reboque de alguns economistas que ainda parece saberem menos, e dos arrivistas que aparecem a atrapalhar as nossos cálculos básicos, pelo caminho. Claro, estes são mais rápidos a actuar, não precisam de fazer as grandes contas de que se ocupam os economistas e, intuitivamente, sem fórmulas matemáticas, estatísticas ou calculadoras gigantes, chegam, ou parece que chegam muitas vezes às mesmas conclusões, quais pitonisas de serviço! Que confusão incrível!

Já pensei também que, provavelmente, com a crise de Matemática que inunda o país, a maioria dos economistas passa a vida a enganar-se nas contas ou a tomar as estatísticas como soluções em vez de hipóteses, facto que a imprensa coscuvilheira logo aproveita para nos dar informações erradas do panorama nacional ou mundial...porque algumas apreciações que se vêm por aí sobre a crise do petróleo têm tão pouca credibilidade e bom senso que são de morrer a rir.

Não sei quanto a C.S. paga aos comentaristas economistas de serviço pelas suas tiradas formativas info-desinformativas tantas vezes em contradição com as do comunicador do canal vizinho, mas parece-me que algo errado anda por aí, ou a política também mete o bedelho na Economia, no mau sentido, claro está. Isso concorre muito para o facto de uns quantos desbocados chamarem já, no recôndito das suas apreciações televisivas ou jornalísticas caseiras, arrivistas aos economistas, nada que não se tenha chamado antes aos políticos, que estas associações, de que há suspeitas, têm destes inconvenientes.

O meu desconhecimento da matéria não me dá o direito de chamar nomes a quem quer que seja. Mas por vezes, é verdade, depois de ouvir ou ler alguns confusos ou tendenciosos pareceres dos sábios, apetece-me regressar à minha tranquila e cómoda ignorância, o que pode ser um perfeito anacronismo nos tempos que correm, mas é um descanso reparador!

Já os filósofos gregos diziam que, quanto mais sabemos, mais dúvidas ocupam o nosso pensamento. Coisa que não sucede com os vigaristas que têm sempre, segundo eles, o máximo conhecimento de todas as coisas e a máxima segurança em tudo o que fazem...

Convenhamos, fora de brincadeiras, que o tema é muito complicado.

A única coisa certa neste momento é que, entretanto, o petróleo vai enchendo os barris por preços cada vez mais altos e a crise continua, com os economistas a fazer diagnósticos, a emitir terapêuticas e a fazer prognósticos para todos os gostos.

Como sempre. E com a cumplicidade da Imprensa.

Mas nem sempre com a independência exigida, nem sempre com o devido respeito pelo cidadão comum, nem sempre com simplicidade e bom senso.

Mas quem sou eu para julgar?