quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Os Donos da Diplomacia


Portugal -uma diplomacia do Caracas…Foi assim que eu li, há pouco, um interessante artigo de opinião de Ferreira Fernandes, no Diário de Notícias, onde descrevia com agrado e alguma malícia à mistura, as virtudes da nossa curvilínea diplomacia, face à truculenta diplomacia espanhola, bem consubstanciada no já célebre «por qué no te callas» do rei Juan Carlos. Cem por cento de acordo.

Resta-me acrescentar que a nossa diplomacia dá cartas, não só à diplomacia da Espanha, mas à dos maiorais da Europa e dos outros Continentes. Com um saber de experiência feito, ao longo de mais de oito séculos, nem outra coisa seria de esperar.

Aposto que ninguém, neste pequeno rectângulo à beira mar plantado, pensou que a nossa existência como país independente se deveu, mais à sabedoria diplomática (quer nos tempos da Monarquia, quer mesmo nos dias mais recentes da República) que aos feitos de coragem e bravura de tantos heróis que povoam a nossa história. Provavelmente, irei chocar, com estas afirmações, muito boa gente, mas a verdade é que um pequeno país em área, população e recursos, apertado em terra e no mar por fortes potências militares, não poderia ter sobrevivido apenas com recurso a actos de bravura, por maiores que fossem. Esta maneira de estar na Europa e também nos diversos Continentes onde permanecemos, foi-se afirmando e enriquecendo, com curvas e contracurvas, talvez, mas com um objectivo fixo e até hoje quase sempre conseguido: a independência e o engrandecimento de Portugal. Este facto, aparente e paradoxalmente esquecido no dia-a-dia das verticais gentes cultas que dizem mal de tudo e todos, está bem entranhado na maneira de ser deste povo valente que sempre foi carne para canhão, nas alturas mais difíceis. Não quero terminar sem um conselho ao rei e aos espanhóis convencidos, das gentes sábias deste Portugal diplomaticamente invencível: «não é com vinagre que se apanham moscas»!

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