terça-feira, 27 de novembro de 2007

O LNEC; AS CÂMARAS E OS PATOS BRAVOS

O prédio na Praceta Afonso Paiva, em Setúbal, onde na quinta-feira se deu uma violenta explosão, “não é um grande exemplo de resistência a sismos” e “tem falhas na sua construção”. Quem o diz é o director do Departamento de Estruturas do Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC), João Almeida Fernandes, que ontem apresentou o projecto de estabilização do edifício.(C.M.27-11-2007)

O LNEC, AS CÂMARAS E OS PATOS BRAVOS

Não é preciso ser especialista ou professor do LNEC para detectar que o edifício «não é um grande exemplo de resistência a sismos e tem falhas de construção»... Provavelmente, noventa e tal por cento das construções do país arriscar-se-iam a um diagnóstico semelhante, se fossem devidamente inspeccionadas! O mal é que nunca o foram... e jamais o serão, para nossa desgraça e lucro de uns tantos patos bravos.

Certamente o relatório de LNEC terá muitos mais elementos para além daqueles que são fornecidos pelo repórter do C.M. E nem sequer está em causa a competência do LNEC. Era o que faltava! Mas dá para rir com a verdade de La Palisse que a notícia apresenta ao público, este mesmo público descendente daquele que sofreu diversos e aterradores terramotos, ao longo da sua história e, como diz o Zé Povinho, só se lembra de Santa Bárbara quando troveja!

Na verdade, de tempos a tempos, sobretudo quando há algum ligeiro estremecimento, lá vem um alerta, uma carta de intenções piedosa a lembrar a necessidade de corrigir os defeitos e de implementar a fiscalização rigorosa das novas edificações, mas não se passa disso. E, nos grandes centros urbanos do litoral sísmico do País, o risco que se corre e de que ninguém quer ouvir falar, é imenso.

Seria bom que as Câmaras dessem mais visibilidade à fiscalização de obras, apoiando a sério a formação e a actuação dos seus agentes, etc., pondo de lado o nacional porreirismo, nosso principal inimigo público. Leis, existem muitas. Falta cumpri-las, como de costume…

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