A ENTREVISTA E OS RECADOS
Como resultado imediato, conseguiu alinhar todos os sindicatos, organizações profissionais, partidos da oposição e todos aqueles cuja profissão (ao contrário do que apregoam) é denegrir e deitar abaixo quem não concorda com eles, contra o desgraçado, solitário Ministro, desta forma obrigado a vir a terreiro quando não contava…Mas a vida de político é isto mesmo: desfrutar de bombos e festas por um lado, sofrer picardias e traulitadas por outro.
«Quem não quer ser lobo, não lhe veste a pele», lá diz o povo, na sua infinita sabedoria que eu cada vez aprecio mais.
Com uma sociedade cada vez mais virada para o lucro fácil e o confronto de ideias -ou parvoíces – a propósito de tudo e de nada, com a seriedade dos factos e das notícias (que dão trabalho inegável), cada vez mais a perder terreno para a fofoca que todo o mundo apreende e explora num ápice sem custar qualquer esforço…a entrevista superficial e fofoqueira tem a vantagem de chegar e ser vendida rapidamente a toda a gente e, ao mesmo tempo, servir aos patos-espertos entrevistados para escoamento de prosápias, ressentimentos ou acusações aos inimigos de ocasião…
Alguém sai, portanto, geralmente sujo no retrato feito na entrevista. Provavelmente, em muitas delas, será esse mesmo o objectivo subjacente na artimanha jornalístico-informativa, o que é ainda mais deplorável.
Mas numa coisa tenho que tirar o chapéu à Comunicação Social: saber tirar lucro a dobrar deste tipo de entrevistas e nunca perder a embalagem para a próxima. Faz-me lembrar uma certa definição que uma vez, há muitos anos, li no Borda de Água:
«Judeu: indivíduo que, com uma pedra mata dois coelhos…e ainda quer a pedra!»
Os judeus que me perdoem.
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