A corrida aos comentários
Amanhã irá ter lugar mais uma votação nacional, de acordo com o estrito cumprimento da constituição portuguesa. Ainda bem que assim é e que a democracia se mantém em pleno funcionamento.
Até aqui, nada de novo.
A novidade é que as sondagens postas em prática nos actos eleitorais, passaram, pouco a pouco, de esporádicas a frequentes, quase constantes. E, como as suas margens de erro vão diminuindo, com o aperfeiçoamento das técnicas de execução, qualquer dia já não valerá a pena fazer votações, a não ser para esclarecer um ou outro escrutínio mais duvidoso.
Claro que estou a brincar com o tema. Por mais sondagens que sejam feitas, por mais certeiras que venham a mostrar-se, elas não deixarão nunca de ser sondagens., embora, na sombra, possam influenciar muitas decisões políticas governativas ou autarcas. Mas também, algumas vezes, os resultados finais acabam por ser bastante discordantes das previsões anunciadas, tal como se verificou nas europeias (e depois nas legislativas deste ano), quando foram antecedidas de uma semana ou alguns dias apenas, do acto eleitoral. Pessoalmente, não creio que os eleitores mudem de cor de um dia para o outro. Aceito que alguns erros de apreciação devem ter ocorrido.
E, no entanto, há que atribuir certa credibilidade às sondagens, de um modo geral, se não são encomendadas pelo marketing de entidades interessadas, caso em que haverá que dar-lhes algum desconto. Estarei a exagerar?
Outro problema que se coloca nas sondagens, por mais honestas que sejam, é que cada periódico, de acordo com a sua tendência ou orientação político-profissional, dá maior ou menor relevo às sondagens, colocando-as em letra de forma na primeira página, ou em letra miudinha em página de interior, de acordo com as circunstâncias.
Interessantes são também os resultados das sondagens, poucos minutos depois de encerrado o processo eleitoral, cada vez mais próximas dos resultados reais que irão ser anunciados. Acredito piamente que também desta vez, com as autárquicas, as previsões, pouco depois de encerradas as urnas, não irão divergir muito do escrutínio eleitoral efectivo.
Pondo de parte as previsões, não quero deixar de fazer a minha apreciação sobre dois ou três aspectos da votação que vai ocorrer amanhã.
Em primeiro lugar, penso que os eleitores portugueses irão, mais uma vez, saltar por cima dos alarmes moralistas postos a circular, relativamente a alguns candidatos de diversas forças políticas, mesmo que já tenham sido pré-condenados pela imprensa, pelos partidos, ou até pela justiça. Eles irão premiar, com toda a certeza, a obra feita, pouco lhe importando as meras suspeitas de fraude, ou mesmo o roubo provado do erário publico, praticado pelo candidato da sua simpatia!
Em segundo lugar, aposto que pouco interessará aos eleitores que o «seu» candidato tenha publicado uma lista maior ou menor de apoiantes, de maior ou menor peso social ou político.
Em terceiro lugar, creio ainda que serão reconduzidos, de uma forma geral, todos os autarcas que tiverem feito um mandato a gosto, confirmando o facto, já bem enraizado, de que o principal motivo de reprovação de um candidato não é o conjunto de promessas eleitorais feitas pelos opositores ou a má-língua contra eles, mas a deficiência no desempenho que está a terminar.
Por último, as campanhas dos candidatos, à semelhança das legislativas, não primam pela discussão exaustiva dos temas mais importantes, decorrendo o tempo que antecipa as eleições, num clima de mera propaganda.
Independentemente das sondagens aos molhos, ou de todos os anacronismos que possam ter-se verificado durante o processo eleitoral, oxalá, ao menos, os resultados venham a mostrar uma diminuição da abstenção às urnas. Seria um bom sinal para a democracia portuguesa.
Tudo o resto, com mais ou menos comentários, será o trivial!
A corrida aos comentários
Amanhã irá ter lugar mais uma votação nacional, de acordo com o estrito cumprimento da constituição portuguesa. Ainda bem que assim é e que a democracia se mantém em pleno funcionamento.
Até aqui, nada de novo.
A novidade é que as sondagens postas em prática nos actos eleitorais, passaram, pouco a pouco, de esporádicas a frequentes, quase constantes. E, como as suas margens de erro vão diminuindo, com o aperfeiçoamento das técnicas de execução, qualquer dia já não valerá a pena fazer votações, a não ser para esclarecer um ou outro escrutínio mais duvidoso.
Claro que estou a brincar com o tema. Por mais sondagens que sejam feitas, por mais certeiras que venham a mostrar-se, elas não deixarão nunca de ser sondagens.
Também, algumas vezes, os resultados finais acabam por ser bastante discordantes das previsões anunciadas, tal como se verificou nas europeias (e depois nas legislativas deste ano), quando foram antecedidas de uma semana ou alguns dias apenas, do acto eleitoral. Pessoalmente, não creio que os eleitores mudem de cor de um dia para o outro. Alguns erros de apreciação devem ter ocorrido.
E, no entanto, há que atribuir certa credibilidade às sondagens, se não são encomendadas pelo marketing de entidades interessadas, caso em que haverá que dar-lhes algum desconto! Estarei a exagerar?
Outro problema que para mim se coloca nas sondagens, por mais honestas que sejam, é que cada periódico, de acordo com a sua tendência ou orientação político-profissional, dá maior ou menor relevo às sondagens, colocando-as em letra de forma, na primeira página, ou em letra miudinha, em página de interior, de acordo com as circunstâncias.
Interessantes são também os resultados das sondagens, poucos minutos depois de encerrado o processo eleitoral, cada vez mais próximas dos resultados reais que irão ser anunciados. Acredito piamente que também desta vez, com as autárquicas, as previsões à boca das urnas, ou pouco depois, não irão divergir muito do escrutínio eleitoral efectivo.
Pondo de parte as previsões, não quero deixar de fazer a minha apreciação sobre dois ou três aspectos da votação que vai ocorrer amanhã.
Em primeiro lugar, penso que os eleitores portugueses irão, mais uma vez, saltar por cima dos alarmes moralistas postos a circular, relativamente a alguns candidatos de diversas forças políticas, mesmo que já tenham sido pré-condenados pela imprensa, pelos partidos, ou até pela justiça. Eles irão premiar, com toda a certeza, a obra feita, pouco lhe importando as meras suspeitas de fraude, ou mesmo o roubo provado do erário publico, praticado pelo candidato da sua simpatia!
Em segundo lugar, aposto que pouco interessará aos eleitores que o «seu» candidato tenha publicado uma lista maior ou menor de apoiantes, de maior ou menor peso social ou político.
Em terceiro lugar, creio ainda que serão reconduzidos, de uma forma geral, todos os autarcas que tiverem feito um mandato a gosto, confirmando o facto, já bem enraizado, de que o principal motivo de reprovação de um candidato não é o fraco conjunto de promessas eleitorais feitas, ou a má-língua contra os seus opositores, mas a deficiência no desempenho que está a terminar.
Por último, as campanhas dos candidatos, à semelhança das legislativas, não primam pela discussão exaustiva dos temas mais importantes, decorrendo o tempo que antecipa as eleições, num clima de mera propaganda.
Independentemente de todos os anacronismos que possam ter-se verificado durante o processo eleitoral, oxalá, ao menos, os resultados venham a mostrar uma diminuição da abstenção às urnas. Seria um bom sinal para a democracia portuguesa.
Tudo o resto, com mais ou menos comentários, será o trivial!
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