Justiça dos tribunais e justiça eleitoral
Os candidatos independentes Isaltino Morais, Valentim Loureiro e Narciso Miranda prevêem receber mais do dobro do dinheiro em donativos e angariação de fundos do que o Bloco de Esquerda e o CDS/PP em conjunto (233 mil euros), refere um artigo do Jornal de Negócios esta quarta-feira.
A notícia continua com mais pormenores que não interessam nem ao Menino Jesus, mas o principal está dito nestas linhas.
No fundo, o essencial, o que dá mais votos a um autarca, é fazer obra!
E, sendo assim, rende muito mais ser independente com processos judiciais às costas, que concorrente honesto de um grande partido às autárquicas de qualquer cabeça de concelho.
Bem pode Marques Mendes esfalfar-se em declarações moralistas, que o resultado é nulo. Bem o compreendeu Manuela Ferreira Leite, a detentora da verdade, ao apoiar, numa autêntica cambalhota eleitoralista, candidatos com marcas da Justiça. Deus para nós e o diabo para os outros!
Tirando estas anedotas de caminho, o certo é que a notícia do Jornal de Negócios é verídica, e os acusados da Justiça estão em grande e a rir-se dos honestos coitadinhos que lhes foram colocados em oposição.
As gentes desses burgos não querem saber das chinesices dos mentores dos partidos e da própria Justiça. Arranjam e entregam a esses «independentes» o dinheiro que querem, e eles irão ganhar de novo as respectivas eleições autárquicas, depois de serem considerados pelas respectivas populações como autarcas modelo. O resto é conversa!
Bem vistas as coisas, a moral tradicional parece perder fôlego, ante a «bom» desempenho dos acusados, no exercício da função pública. Segundo os munícipes, Isaltino, Valentim e Narciso já ganharam o direito à reeleição, por aquilo que fizeram enquanto presidentes de câmara, anos a fio. Amanharam-se, mas fizeram e deixaram obra! Na mesma lógica, ganharam o direito popular de continuar por novo mandato, fazendo mais e melhor…
Que sejam ou venham a ser condenados ou não pela Justiça dos tribunais, é coisa que pouco interessa aos seus munícipes, porque foram bem servidos e vão reelegê-los. Eles são dinheiro em caixa, porque a moralidade eleitoral não é a mesma dos tribunais.
Hoc opus hic labor est!
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